quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SINCRETISMO EVANGÉLICO

Sincretismo religioso de forma geral é a mistura das práticas pagãs com o sagrado.


Alguns anos atrás o movimento evangélico no Brasil acusava as outras religiões e seus seguidores de sincréticos e por causa disto, perdidos e condenados. 


O evangélico sempre viu a necessidade de evangelizar as outras pessoas e através da Palavra de Deus libertá-las da ignorância e pecados, superstições e tabus inúteis.


Existia sempre um ar de "superioridade" no rosto do evangélico, como detentor da verdade. Porém como isto tem mudado!


Infelizmente com o surgimento e influência dos neopentecostais o  meio evangélico tem sido bastante fértil em produzir o seu próprio sincretismo. Isso mesmo, um sincretismo mascarado de piedade, fervor e unção. 


A prática evangélica atual não nos autoriza mais a condenar os outros, longe disto. A prática evangélica é hoje totalmente relativa e suscetível aos ditames do marketing religioso


A opressão do "fazer a igreja crescer" levou os pastores, líderes e crentes, de uma maneira geral, a abrir mão dos conceitos e princípios expostos nas Sagradas Escrituras.


Não sei se consciente ou inconsciente, mas a verdade é que essa opressão levou muitos ao pragmatismo religioso que não se preocupa com a biblicidade, ou seja, se é bíblico ou não, o que importa é se esta dando certo (como por exemplo, igreja cheia de pessoas), independente se há qualidade, ou seja, essas pessoas tem compromisso com Deus, servem a Deus pelo que Ele é ou pelo que Ele pode dar? 


Citemos alguns exemplos de sincretismo religioso: 
1. Ungir com óleo, que é uma recomendação bíblica no caso de uma enfermidade, ou no cerimonial judaico, tornou-se hoje uma coisa banal. Pessoas são ungidas para as mais diferentes coisas. Seja por uma simples dor de cabeça, ou para arrumar emprego, ou para ter o marido de volta, ou para zerar o saldo devedor no banco, ou para livrar o carro de ser roubado, etc.
2. Deixar a Bíblia aberta no Salmo 91 para que ladrão não roube a casa; 
3. Frequentar qualquer coisa relacionada com o número sete: sete semanas da oração poderosa, sete correntes da libertação, etc;
4. Usar um copo com água, pois segundo alguns depois da oração se torna uma "água benta", ou água ungida, ou coisa parecida;
5. Comprar um lenço ungido para prosperar, receber cura, etc;
6. Uso dos amuletos "evangélicos", como: rosa ungida, sabonete ungido, um pouco de terra de Israel, fogueira santa, sal grosso para espantar demônios, etc.


Bom, dizer que isso é só um estimulo da Fé é como dizer que os fins justificam os meios (pragmatismo religioso), pois as Escrituras dizem que a Fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus. 


É lamentável mas o "crente" hoje é quase que uma pessoa ignorante das verdades bíblicas, das doutrinas evangélicas, dos princípios do Reino de Deus, dos valores e éticas cristãs. O crente de hoje é quase que um analfabeto quando o assunto é fé, graça, justiça, misericórdia, salvação, missão. 


Se o apóstolo Paulo afirmou que o justo vive pela fé, hoje é difícil descobrir qual a motivação vivencial do crente. Ele vive por causa do quê? Será que vive para consumir e ter (casa nova, carro novo) parece mais uma febre, pois as mensagens em muitos púlpitos é só  é essa: auto ajuda....ter...conquistar....adquirir...possuir...riquezas, etc. poucos púlpitos pregam sobre fruto do Espírito, arrependimento, graça, salvação, cruz, renúncia, regeneração, justificação, santificação, etc.


Quando substituo a graça de Deus por troca e barganha, como por exemplo: "dê tal quantia de dinheiro na igreja e Deus vai te abençoar, você não vai ficar doente, não vai gastar em farmácia, etc", bom salvo melhor juízo isso não passa de "indulgência".


Antes de acusar os seguidores das outras religiões como ignorantes, reflita sobre a sua própria prática cristã. Isto vai lhe fazer bem e lhe conceder autoridade para evangelizar a outros.


"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará...e se pois o filho vos libertar verdadeiramente sereis livre" (Jo 8.32,36).

Pr Pedro Pereira


Nenhum comentário:

Postar um comentário