Lendo este artigo resolvi compartilhar com todos, pois concordo com seu conteúdo e acho que servirá de edificação:
São tantas e tantas unções...
O que é a unção? Nos tempos da Antiga Aliança, reis,
profetas, sacerdotes e coisas (colunas, objetos, etc.) eram ungidos (Gn 31.13;
Êx 30.26-30; 40.15; 1 Sm 10.1; 1 Rs 19.16; Sl 133). A unção simbolizava
consagração de pessoas ou coisas ao Senhor. Mas, no Novo Testamento, Jesus
afirmou, após ter lido um trecho de Isaías (61.1-2), que a profecia quanto à
unção do Espírito sobre a sua vida tinha se cumprido (Lc 4.18-21). Deus o
ungira, no plano espiritual, e isso em si já era o bastante para o cumprimento
de sua missão na Terra (At 10.38).
O derramamento de azeite representava, antigamente,
unção divina propriamente dita sobre a vida de quem ascenderia a uma posição de
destaque (Nm 3.3; 1 Sm 16.13). No entanto, hoje, não é mais necessário ungir
pessoas com azeite para consagração ou confirmação de seus ministérios. Basta a
unção do Espírito Santo (2 Co 1.21; 1 Jo 2.20,27).
Também não é preciso ungir objetos, a fim de
consagrá-los a Deus, pois o Novo Testamento menciona a unção literal somente
para os enfermos (Mc 6.13), a qual deve ser aplicada pelo presbitério (Tg
5.14). O azeite, além de símbolo do Espírito Santo (Zc 4.3-6), é o ponto de
contato que pode estimular a fé do doente. Mas o recebimento da cura não está
relacionado com a unção, e sim com a oração da fé, em nome do Senhor: “E a
oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (Tg 5.15).
O que é a unção do Santo? Este termo é bíblico (1 Jo
2.20,27) e representa a única e definitiva unção que o crente deve possuir, a
unção do Espírito Santo. O cristão verdadeiro possui essa unção, não precisando
de novas unções ou unções novas.
O que é unção com óleo para os enfermos? O Senhor
Jesus disse: “porão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.18). E a
imposição de mãos pode incluir a unção com óleo. Esta, no entanto, não é a
condição primacial para a cura, que ocorre por meio da fé (Lc 8.48; 17.19). Os
apóstolos não precisavam de azeite para levantar os enfermos.
Hoje, a unção para os doentes é apenas simbólica. Não
deve ser aplicada ou esfregada no local da enfermidade, como fazem certos
milagreiros, para depois pretensamente extrair objetos das pessoas, como
pedaços de ossos, pedras, filetes com sangue ou algo parecido. Isso, na maioria
dos casos, se trata de fraude; em outros, é ação do mal mesmo. Nos tempos
bíblicos, o azeite era empregado diretamente nas feridas, mas apenas como
remédio (Is 1.6; Lc 10.34).
Existe unção da loucura de Deus? Essa falsa unção foi
inventada com base em 1 Coríntios 1.25: “Porque a loucura de Deus é mais sábia
do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”. Os
espalhafatosos propagadores dessa nova unção vêem nessa passagem a
justificativa para todas as aberrações que dizem e fazem. Alguns têm ministrado
a “bênção do depósito celestial”. Prometem que as pessoas que tiverem fé
encontrarão uma grande quantia em sua conta bancária. No entanto, como o
suposto agraciado declarará isso no Imposto de Renda, haja vista não poder
dizer simplesmente: “Foi Deus quem me deu”?
A expressão “loucura de Deus” foi empregada por Paulo
apenas para enfatizar o quanto os seres humanos, por mais capazes que sejam,
estão aquém do Todo-Poderoso. A despeito de ele ter mencionado a “fraqueza de
Deus”, nenhum milagreiro inventou, ainda, a unção da fraqueza de Deus, com base
no mesmo versículo.
O que é a unção do leão? Esta tornou-se muito
conhecida depois que a vocalista de certo grupo engatinhou “profeticamente” em
um palco, levando milhares de fãs ao delírio. A própria cantora admitiu que
andou sob a unção do Leão da Tribo de Judá, mas depois se desculpou pelo
ocorrido.
Reteté é o mesmo que unção? Uns dizem “reteté”, e
outros, “repleplé”. Ninguém sabe ao certo o que significam essas expressões
onomatopaicas — que devem ter se originado de uma brincadeira de péssimo gosto
com as línguas estranhas —, usadas para identificar pretensos cultos
pentecostais. O termo “reteté” não consta de dicionários oficiais. Mas há quem
diga que teve origem no italiano; relacionado com a culinária, significaria:
“mistura”, “movimento”, “reboliço”, “festa”, “aquilo que foge da normalidade”,
etc. O certo é que essa expressão esdrúxula faz o maior sucesso no meio
pseudopentecostal.
Nas reuniões em que ocorre a unção do reteté, os
“hinos” são apresentados em ritmos como axé, com batuques que lembram reuniões
de candomblé, e muito forró. Pessoas rodopiam, correm de um lado para o outro,
caem, riem, berram, etc. Não se trata apenas de meninice. Em muitos casos,
existe influência maligna (cf. 1 Tm 4.1), aceita e incentivada por obreiros
neófitos que não estudam as Escrituras, deixando de observar o que está escrito
em 1 Coríntios 14.
O que é a unção do riso? Falsa unção que ocorre
quando um “ungido” olha para o povo e começa a dar gargalhadas, supostamente
pelo poder de Deus. Pessoas uivam, como se fossem lobos. Outras caem e
lançam-se umas sobre as outras, dando gargalhadas similares àquelas que só
podem ser ouvidas em filmes de terror.
É bíblica a unção dos quatro seres? Não. Trata-se de
uma falsa unção tem sido propagada por “adoradores” que, baseando-se em
Apocalipse 4, se dizem impulsionados por essa nova unção para rugir como leões,
baterem os braços como águias e imitarem bezerros, nos cultos. Os que são
influenciados pelo ser que tem rosto “como de homem” limitam-se a gemer e a
chorar.
Esse tipo de manifestação exótica e aberrante também
está associada à chamada bênção de Toronto, que já influenciou crentes da
América do Norte, da Europa e também do Brasil. Várias pessoas reuniam-se em um
local próximo ao aeroporto de Toronto, no Canadá, e muitas delas latiam como
cães e caíam supostamente pelo Espírito e eram tomadas por risos prolongados e
incontroláveis. Algumas imitavam animais, como leão, cachorro e até lagartixa.
E a unção financeira tem o abono das Escrituras? Este
termo é muito usado pelos propagadores da falaciosa teologia da prosperidade.
No Brasil, essa falsa unção ganhou notoriedade depois que um telepregador
estadunidense “profetizou”, em 2009, que Deus derramaria a tal unção sobre
todos os que contribuíssem com R$ 900,00 para um programa de TV.
O que é unção nova ou nova unção? Ambos os termos se
referem, genericamente, a todo e qualquer tipo de novidade apresentada como
sendo decorrente de uma unção, como, por exemplo: unção apostólica, financeira,
extravagante, de ousadia, de conquista, de multiplicação, do riso, etc.
O que é uma unção profética? Este tipo de unção é
mística, pois transforma o óleo em um elemento “mágico” para obtenção de
dádivas. Segundo a Bíblia, somente o ministério está autorizado a ungir os
enfermos. Tiago, ao mencionar presbíteros, referiu-se aos ministros chamados
por Deus, vedando essa prática a diáconos, cooperadores e membros (Tg 5.14; cf.
Mc 6.13).
Certos “ungidos” têm usado o óleo para ungir
“profeticamente” casas, carros, etc., para “abençoar” pessoas e ser
“abençoados” por elas. Há algum tempo, seguidores de um grupo “evangélico”
resolveram, numa “atitude profética”, escalar e ungir o pico Dedo de Deus, na
região serrana do Rio de Janeiro. Outros enterram garrafas ou latas de azeite
em montes, a fim de tornar o produto da oliveira “poderoso”. Depois, o empregam
em suas campanhas para ungir casas, carros, carteiras de trabalho, etc.
Existe mesmo a transferência de unção? Na verdade, a
transferência é um modismo pseudopentecostal, pelo qual certos “ungidos”
pretensamente transmitem unção uns aos outros. Os “ungidos” se abraçam
fortemente, podendo ficar grudados por um longo tempo. A transferência também
ocorre quando os “ungidos” encostam as suas testas umas nas outras ou rolam
pelo chão abraçados, movimentando-se violentamente.
Os defensores desse modismo afirmam, erroneamente,
que Moisés transferiu a sua unção para setenta anciãos. O que aconteceu ali foi
muito diferente. Deus usou o seu servo como um canal e deu o seu poder a
setenta homens (Nm 11.16,17). Não houve transferência de uma pessoa para outra
de maneira induzida, como ocorre hoje, pretensamente. Foi o Senhor quem,
soberanamente, agiu naquela ocasião específica.
Ufa! Haja unção!
Pr Ciro Sanches Zibordi