A tristeza, o medo, a angústia e a
ansiedade são sentimentos que fazem parte de nossa existência humana. Eles
causam o abatimento da alma, e geralmente são oriundos de adversidades
vivenciadas pelos filhos de Deus.
Quando o vento sopra ao contrário,
quando a montanha é alta demais, quando a noite se prolonga, quando a
tempestade bate impiedosamente contra nós, quando as muralhas nos cercam, com
certeza a nossa alma responderá com temores, o nosso corpo com tremores e os
olhos com lágrimas.
Gigantes de Deus experienciaram suas
crises emocionais. Observe, por exemplo, o caso de Davi, um grande rei e
guerreiro, que diante das lutas no campo de batalha da alma, gemeu amargamente:
Estou cansado de tanto gemer; todas as
noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago. Meus olhos, de
mágoa, se acham amortecidos, envelhecem por causa de todos os meus adversários. (Salmo 6.6-7)
A atitude de Davi diante de seus sentimentos não foi a de negação, mas a
de enfrentamento, confiando naquele que poderia livrá-lo de tão pesada carga:
Tem compaixão de mim, SENHOR, porque eu
me sinto debilitado; sara-me, SENHOR, porque os meus ossos estão abalados.
Também a minha alma está profundamente perturbada; mas tu, SENHOR, até quando?
Volta-te, SENHOR, e livra a minha alma; salva-me por tua graça. Apartai-vos de
mim, todos os que praticais a iniqüidade, porque o SENHOR ouviu a voz do meu
lamento; o SENHOR ouviu a minha súplica; o SENHOR acolhe a minha oração. (Salmo 6.2-4; 8-9)
A Escritura ensina como se deve lidar
com tais sentimentos, e mostra que é preciso manter a confiança em Deus
diante das adversidades da vida. Davi luta na arena do próprio ser, firmando a
confiança na misericórdia e na graça Deus, que acolhe o seu lamento e súplica
em forma de oração, livrando a sua alma do fardo inquietante.
Em outro Salmo Davi mais uma vez
manifesta os seus sentimentos:
As minhas lágrimas têm sido o meu
alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está?(Salmo 42.2)
Percebemos a intensidade do contínuo sofrimento
do salmista na expressão “dia e noite”. Você já vivenciou uma situação
semelhante a esta, onde não consegue um só momento livrar-se do amargor da
alma? Mas uma vez, conscientemente e decididamente, Davi busca amparo e socorro
em quem o pode livrar e salvar, e num diálogo interior entre razão e emoção,
num ato de fé, verbaliza:
Por que estás abatida, ó minha alma?
Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a
ele, meu auxílio e Deus meu. Sinto abatida dentro de mim a minha alma;
lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no
outeiro de Mizar. Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas;
todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim. Contudo, o SENHOR, durante o
dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma
oração ao Deus da minha vida. Digo a Deus, minha rocha: por que te olvidaste de
mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?
Esmigalham-se-me os ossos, quando os meus adversários me insultam, dizendo e
dizendo: O teu Deus, onde está? Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te
perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu
auxílio e Deus meu. (Salmo 42.5-11)
Davi, em sua contínua busca de força e
ânimo mantém o foco em Deus. Após manifestar novamente a confiança em seu
auxílio, o salmista declara que o Senhor está sempre presente em seus
pensamentos e lembranças. A misericórdia é novamente evocada, e novamente a sua
alma é convidada a esperar com ânimo em Deus, pois o tempo de louvar com júbilo
logo chegará.
Esperar em Deus não significa que Ele
está longe e logo aparecerá. Esperar em Deus é aguardar a sua intervenção no
curso dos acontecimentos, pois Ele sempre está ao nosso lado, e no momento
certo, da maneira ideal, provê a cura, a libertação e a salvação dos seus
filhos, para o louvor e glória do seu santo nome.
Amén.
ResponderExcluirAmén.
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