terça-feira, 3 de janeiro de 2012

EU TENHO UM SONHO

Outro dia assistindo um vídeo sobre o pastor americano Martim Luther King, escutei sua frase memorial que inspirou a muitos e até hoje inspira "Eu tenho um sonho". 

Eu também tenho um sonho que já compartilhei com alguns amigos, talvez seja simples para alguns ou mesmo sem importância para outros, mas para mim é realmente um sonho.

Sonho com uma igreja que priorize três aspectos: Adoração a Deus, Evangelismo e Discipulado, e Ajuda Mútua. 

Não sonho com uma igreja que prioriza o enriquecimento (rápido e estranho, para não dizer ilícito) do seus Líderes, parece que cada vez estão mais ricos. 

Não sonho com uma igreja que prioriza o legalismo dos costumes em detrimento a Palavra de Deus, para eles o que mais importa é a aparência externa, o "uniforme evangélico", mais do que o coração, ou seja, o homem interior, pois na verdade esse tipo de legalismo mais servem para dividir o corpo de Cristo do que uni-lo, propicia a criação de duas classes de crentes, os "santarrões" e os "rebeldes", os crentes de 1ª categoria (os adeptos dos costumes e usos) e os crentes de 2ª categoria (os que resistem os costumes e usos desnecessários); não estou criticando os que com sinceridade querem servir a Deus com um fardo mais pesado, mas menciono aqueles que por fora aparentam uma "santidade", porém por dentro estão cheios de inveja, murmuração, contenda, fofoca, mexerico, falso testemunho, mentira, ira, rancor, vingança, amor ao dinheiro, espírito de emulação, etc...não se assustem mas é a pura realidade, pois vivem um cristianismo distorcido, não de vida parecida com Cristo, mas de vida parecida com os Fariseus.

Não sonho com uma igreja que prioriza grandes construções faraônicas, que na verdade não passam da pura vaidade dos seus Líderes em deixar suas marcas, seus nomes, impressionando a outros com intuito da velha aparência de sucesso e disputa meramente capitalista; tudo isso é feito debaixo de grandes pressões sobre os dirigentes das congregações (inclusive com ameaças de troca-los ou tira-los da frente do trabalho da igreja) e que acabam revertendo essa pressão ao povo da congregação em busca de dinheiro...dinheiro...dinheiro...mais dinheiro e por fim dinheiro. Nessa desenfreada busca de recursos vale tudo, inclusive distorcer textos sagrados, com jargões e palavras de efeito, para embasarem a arrecadação do "necessário" dinheiro, como por exemplo, quem não ofertar é "ladrão", pois esta roubando a Deus; a "maldição" o seguirá; as "janelas do Céu se fecharão para você"; o "destruidor vai te alcançar"; se não ofertar vai "gastar com farmácia", etc, etc, etc... e todas essas besteiras que ouvimos; já o povo com medo de tantas maldições dá até o que não pode, a ponto de deixar a família sem o pão, outros até deixam de pagar suas contas, tudo por medo, parece até que a história se repete, pois somos obrigados a lembramos dos tempos de trevas, antes da reforma, a chamada "indulgências".

Não sonho com uma igreja que prioriza os crentes abastados ou mais ricos, em detrimento aos mais humildes. O tratamento dos crentes de "dízimos gordos" é descaradamente diferenciado dos crentes  "dizimistas magrinhos" ou que não dizimam. Os dizimistas do "dizimo gordo" são convidados para os melhores lugares; chegam rápido "demais" ao ministério, mesmo sem a nítida vocação ministerial; são visitados constantemente, em detrimento aos humildes que por vezes nunca foram e/ou nunca serão visitados pelo seu "Pastor"; as vezes se chega até ao cúmulo de que se ambos pecarem o "dizimista gordo" em muitos lugares terá direito a privacidade, ou seja, ninguém (o povão) ficará sabendo e sua disciplina que se limitará a uma conversa amigável no gabinete pastoral; agora o humilde, o "dizimista magro" terá seu pecado exposto publicamente num culto de doutrina qualquer, sua disciplina será por longos meses, pois terá de dar testemunho de "arrependimento" e sua volta a "comunhão" será pública, acompanhado, sem dúvida, de um "sermãozinho" na frente de todos para que se envergonhe e não "volte a pecar".

Não sonho com uma igreja que prioriza o amor as coisas em detrimento as pessoas, ou seja, amam as coisas e usam as pessoas, neste caso as pessoas são tratadas como números, como meros instrumentos de manipulação de Líderes ditadores e dominadores. 

Tenho muito temor quando lembro daquele versículo que Jesus diz aos Fariseus "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós." Mt 23.15. 

Mas me sinto instruído quando leio " Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória." I Pd 5.2,3,4.

Mas como eu disse sonho com uma igreja que resumidamente prioriza três aspectos:

1º - Adoração a Deus.
A Adoração verdadeira a Deus é aquela que exalta as qualidades, caráter, santidade, onipotência, onipresença, onisciência de Deus, imutalidade e eternidade de Deus.
A adoração que sai de adoradores que adoram a Deus não pelo que Ele pode dar, mas pelo que ele simplesmente é, DEUS.
Estamos atravessando momentos onde nossa adoração a Deus se tornou na verdade uma exaltação do que ele pode fazer aos homens,  ou seja, o centro da atenção é o homem e não Deus. As frases dos nossos cânticos e pregações expressam desejos de vitória financeira, de sermos destacados, de sermos cabeça, de conquistas pessoais, etc. Deixo claro que não sou contra ter vitórias pessoais, eu também quero, o que condeno são os exageros, a ênfase ao secundário, pois num culto de adoração a Deus, a prioridade é exaltá-lo, agradecê-lo, amá-lo, desejá-lo, etc, ou seja, DEUS é o centro das atenções.
Notemos o que Jesus disse no Sermão do Monte, concluindo o que Ele espera dos súditos desse Reino: "Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?(Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadasNão vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal". Mt 6. 31,32,33,34.

2º - Evangelismo e Discipulado.
Uma igreja sadia evangeliza, vai em busca das almas. No tocante as estratégias para alcançar essas almas, creio que isso é o que menos importa, se é evangelismo em massa, pessoal, através do rádio, televisão, imprensa escrita, isso não importa, o que importa é cumprir o ide de Jesus.
Uma igreja sadia além do evangelismo, também discípula, ou seja, ensina seus membros. Ensina a sã doutrina. O Ensino é como uma vacina contra as doenças e propicia um crescimento sadio do corpo de Cristo.
Quando digo "sã doutrina", digo ensinar a verdade e não ensinar o que convém, com distorções dos textos bíblicos para favorecimento próprio, como diz as Escrituras "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada...". I Tm 4. 1,2.
"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas." II Tm 4. 3,4.

3º - Ajuda Mútua.
Uma igreja segundo o coração de Deus, conforme os projetos divinos é uma igreja que prioriza a solidariedade. O verdadeiro cristianismo se resume em "doar-se a si mesmo por outros". Vejamos a igreja primitiva, a nossa Mãe, fundada por Cristo e dirigida pelos Apóstolos de Cristo:
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comumE vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos." At 2. 42-47.
"Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comunsCom grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade." At 4. 32-35.
"Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diáriaE os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço." At 6. 1-3
"A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo." Tg 1.27.
"Assim, pois, a igreja em toda a Judéia, Galiléia e Samária, tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava." At 9.31.

Isso não é utopia, isso é cristianismo. 

Soli Dei Gloria!

Pr Pedro Pereira

3 comentários:

  1. Realmente, porem o certo nem sempre é o mais facil, e o certo acaba parecendo "utopia".

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  2. Infelizmente nossas Igrejas não passam de "passatempo", "ponto de encontro"...e pior, DEUS parece tão longe.
    Claro que devemos olhar para nós mesmos, e essencialmente olhar para nosso Redentor e busca-lo...mas, nossos templos hoje em dia mais afastam do que trazem, mais fazem mal do que o bem..
    essa dita "utopia" deveria ser querida por muitos, deveria ser exigida por muitos, a volta da Igreja verdadeira.
    Sou um dos que esperam por essa "utopia", onde o ser humano busca, respira e anseia por JESUS e pela salvação...
    mas o que alegra é termos pessoas que tem o coração a arder pela boa palavra, pelo evangelho literal..
    Parabéns pelas palavras querido pastor e sei que DEUS em sua infinita sabedoria encherá vosso coração e trará este desejo a tona, pois muitos estão doentes e carentes do Senhor JESUS!!!

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  3. Obrigado Lucas e Alexposed pelo comentário, orem pela igreja como organização, pois a igreja organismo é santa.

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