sábado, 24 de setembro de 2011

Conselhos para sobreviver ao mundo gospel.


Lendo esse artigo, achei interessante e resolvi compartilhá-lo com todos. Acho que precisamos de uma nova reforma. Vejamos:

O mundo gospel se torna cada dia mais patético; distante do protestantismo; em rota de colisão com o cristianismo apostólico; transformado numa gozação perigosa; adoecendo e enlouquecendo milhares que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno. 
Não consigo responder a todas as mensagens que entopem minha caixa postal. Milhares pedem socorro. Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a atender os que me perguntam: “a maldição do pastor vai pegar mesmo?”; “é preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?”; “em nome da evangelização, devo aturar esses sermões ralos?”.
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangélicos com petição de dinheiro, venda de “Bíblias fantásticas”, milagres no atacado e simplismos hermenêuticas. As bobagens alcançaram níveis intoleráveis.
O que fazer? Tenho algumas idéias.       
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação - inclusive os meus. Deixe os livros evangélicos encalharem nas prateleiras - idem, para os meus. Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos - inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televisão.  Não comente, nem critique a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique a mente, alma e espírito da linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
 - Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?
 - À hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com “maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo”?
- Prometem-se “prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza”, para os que forem fiéis?
- Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? – Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se sentir culpado quando não der oferta.
Só haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira - o monumental ufanismo evangélico precisa deflacionar.
Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Lendo este artigo resolvi compartilhar com todos, pois concordo com seu conteúdo e acho que servirá de edificação:


São tantas e tantas unções...

O que é a unção? Nos tempos da Antiga Aliança, reis, profetas, sacerdotes e coisas (colunas, objetos, etc.) eram ungidos (Gn 31.13; Êx 30.26-30; 40.15; 1 Sm 10.1; 1 Rs 19.16; Sl 133). A unção simbolizava consagração de pessoas ou coisas ao Senhor. Mas, no Novo Testamento, Jesus afirmou, após ter lido um trecho de Isaías (61.1-2), que a profecia quanto à unção do Espírito sobre a sua vida tinha se cumprido (Lc 4.18-21). Deus o ungira, no plano espiritual, e isso em si já era o bastante para o cumprimento de sua missão na Terra (At 10.38).

O derramamento de azeite representava, antigamente, unção divina propriamente dita sobre a vida de quem ascenderia a uma posição de destaque (Nm 3.3; 1 Sm 16.13). No entanto, hoje, não é mais necessário ungir pessoas com azeite para consagração ou confirmação de seus ministérios. Basta a unção do Espírito Santo (2 Co 1.21; 1 Jo 2.20,27).

Também não é preciso ungir objetos, a fim de consagrá-los a Deus, pois o Novo Testamento menciona a unção literal somente para os enfermos (Mc 6.13), a qual deve ser aplicada pelo presbitério (Tg 5.14). O azeite, além de símbolo do Espírito Santo (Zc 4.3-6), é o ponto de contato que pode estimular a fé do doente. Mas o recebimento da cura não está relacionado com a unção, e sim com a oração da fé, em nome do Senhor: “E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (Tg 5.15).

O que é a unção do Santo? Este termo é bíblico (1 Jo 2.20,27) e representa a única e definitiva unção que o crente deve possuir, a unção do Espírito Santo. O cristão verdadeiro possui essa unção, não precisando de novas unções ou unções novas.

O que é unção com óleo para os enfermos? O Senhor Jesus disse: “porão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16.18). E a imposição de mãos pode incluir a unção com óleo. Esta, no entanto, não é a condição primacial para a cura, que ocorre por meio da fé (Lc 8.48; 17.19). Os apóstolos não precisavam de azeite para levantar os enfermos.

Hoje, a unção para os doentes é apenas simbólica. Não deve ser aplicada ou esfregada no local da enfermidade, como fazem certos milagreiros, para depois pretensamente extrair objetos das pessoas, como pedaços de ossos, pedras, filetes com sangue ou algo parecido. Isso, na maioria dos casos, se trata de fraude; em outros, é ação do mal mesmo. Nos tempos bíblicos, o azeite era empregado diretamente nas feridas, mas apenas como remédio (Is 1.6; Lc 10.34).

Existe unção da loucura de Deus? Essa falsa unção foi inventada com base em 1 Coríntios 1.25: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”. Os espalhafatosos propagadores dessa nova unção vêem nessa passagem a justificativa para todas as aberrações que dizem e fazem. Alguns têm ministrado a “bênção do depósito celestial”. Prometem que as pessoas que tiverem fé encontrarão uma grande quantia em sua conta bancária. No entanto, como o suposto agraciado declarará isso no Imposto de Renda, haja vista não poder dizer simplesmente: “Foi Deus quem me deu”?

A expressão “loucura de Deus” foi empregada por Paulo apenas para enfatizar o quanto os seres humanos, por mais capazes que sejam, estão aquém do Todo-Poderoso. A despeito de ele ter mencionado a “fraqueza de Deus”, nenhum milagreiro inventou, ainda, a unção da fraqueza de Deus, com base no mesmo versículo.

O que é a unção do leão? Esta tornou-se muito conhecida depois que a vocalista de certo grupo engatinhou “profeticamente” em um palco, levando milhares de fãs ao delírio. A própria cantora admitiu que andou sob a unção do Leão da Tribo de Judá, mas depois se desculpou pelo ocorrido.

Reteté é o mesmo que unção? Uns dizem “reteté”, e outros, “repleplé”. Ninguém sabe ao certo o que significam essas expressões onomatopaicas — que devem ter se originado de uma brincadeira de péssimo gosto com as línguas estranhas —, usadas para identificar pretensos cultos pentecostais. O termo “reteté” não consta de dicionários oficiais. Mas há quem diga que teve origem no italiano; relacionado com a culinária, significaria: “mistura”, “movimento”, “reboliço”, “festa”, “aquilo que foge da normalidade”, etc. O certo é que essa expressão esdrúxula faz o maior sucesso no meio pseudopentecostal.

Nas reuniões em que ocorre a unção do reteté, os “hinos” são apresentados em ritmos como axé, com batuques que lembram reuniões de candomblé, e muito forró. Pessoas rodopiam, correm de um lado para o outro, caem, riem, berram, etc. Não se trata apenas de meninice. Em muitos casos, existe influência maligna (cf. 1 Tm 4.1), aceita e incentivada por obreiros neófitos que não estudam as Escrituras, deixando de observar o que está escrito em 1 Coríntios 14.

O que é a unção do riso? Falsa unção que ocorre quando um “ungido” olha para o povo e começa a dar gargalhadas, supostamente pelo poder de Deus. Pessoas uivam, como se fossem lobos. Outras caem e lançam-se umas sobre as outras, dando gargalhadas similares àquelas que só podem ser ouvidas em filmes de terror.

É bíblica a unção dos quatro seres? Não. Trata-se de uma falsa unção tem sido propagada por “adoradores” que, baseando-se em Apocalipse 4, se dizem impulsionados por essa nova unção para rugir como leões, baterem os braços como águias e imitarem bezerros, nos cultos. Os que são influenciados pelo ser que tem rosto “como de homem” limitam-se a gemer e a chorar.

Esse tipo de manifestação exótica e aberrante também está associada à chamada bênção de Toronto, que já influenciou crentes da América do Norte, da Europa e também do Brasil. Várias pessoas reuniam-se em um local próximo ao aeroporto de Toronto, no Canadá, e muitas delas latiam como cães e caíam supostamente pelo Espírito e eram tomadas por risos prolongados e incontroláveis. Algumas imitavam animais, como leão, cachorro e até lagartixa.

E a unção financeira tem o abono das Escrituras? Este termo é muito usado pelos propagadores da falaciosa teologia da prosperidade. No Brasil, essa falsa unção ganhou notoriedade depois que um telepregador estadunidense “profetizou”, em 2009, que Deus derramaria a tal unção sobre todos os que contribuíssem com R$ 900,00 para um programa de TV.

O que é unção nova ou nova unção? Ambos os termos se referem, genericamente, a todo e qualquer tipo de novidade apresentada como sendo decorrente de uma unção, como, por exemplo: unção apostólica, financeira, extravagante, de ousadia, de conquista, de multiplicação, do riso, etc.

O que é uma unção profética? Este tipo de unção é mística, pois transforma o óleo em um elemento “mágico” para obtenção de dádivas. Segundo a Bíblia, somente o ministério está autorizado a ungir os enfermos. Tiago, ao mencionar presbíteros, referiu-se aos ministros chamados por Deus, vedando essa prática a diáconos, cooperadores e membros (Tg 5.14; cf. Mc 6.13).

Certos “ungidos” têm usado o óleo para ungir “profeticamente” casas, carros, etc., para “abençoar” pessoas e ser “abençoados” por elas. Há algum tempo, seguidores de um grupo “evangélico” resolveram, numa “atitude profética”, escalar e ungir o pico Dedo de Deus, na região serrana do Rio de Janeiro. Outros enterram garrafas ou latas de azeite em montes, a fim de tornar o produto da oliveira “poderoso”. Depois, o empregam em suas campanhas para ungir casas, carros, carteiras de trabalho, etc.

Existe mesmo a transferência de unção? Na verdade, a transferência é um modismo pseudopentecostal, pelo qual certos “ungidos” pretensamente transmitem unção uns aos outros. Os “ungidos” se abraçam fortemente, podendo ficar grudados por um longo tempo. A transferência também ocorre quando os “ungidos” encostam as suas testas umas nas outras ou rolam pelo chão abraçados, movimentando-se violentamente.

Os defensores desse modismo afirmam, erroneamente, que Moisés transferiu a sua unção para setenta anciãos. O que aconteceu ali foi muito diferente. Deus usou o seu servo como um canal e deu o seu poder a setenta homens (Nm 11.16,17). Não houve transferência de uma pessoa para outra de maneira induzida, como ocorre hoje, pretensamente. Foi o Senhor quem, soberanamente, agiu naquela ocasião específica.

Ufa! Haja unção!

Pr Ciro Sanches Zibordi

sábado, 3 de setembro de 2011

Reforma: uma necessidade constante.

A Reforma não foi um desvio do cristianismo primitivo, mas uma volta a ele. A igreja havia se desviado das veredas da verdade e a Reforma foi um movimento para colocar a igreja de volta nesses trilhos. Um dos lemas da Reforma era: “Igreja Reformada, sempre reformando”. O que isso significa? Não significa certamente que a igreja precisa ir se amoldando à cultura prevalecente de cada época e sim que a igreja precisa voltar-se continuamente às Escrituras para não se conformar com a cultura prevalecente de cada época. Não é a cultura que julga as Escrituras, mas as Escrituras que julgam a cultura. O primeiro pilar da Reforma foi “Só as Escrituras”.
Muitas igrejas herdeiras da Reforma, seduzidas pelo encanto das filosofias engendradas pelo enganoso coração humano, afastaram-se daquelas verdades essenciais da fé cristã e capitularam-se às novidades heterodoxas. Queremos, aqui, apontar alguns desses desvios:
1. A doutrina sem vida.
A Reforma trouxe não apenas uma volta à Palavra, mas, também, uma volta à piedade. Uma das exigências dos puritanos era: doutrina pura e vida pura. Não podemos separar a doutrina da vida, a teologia da prática, a ortodoxia da piedade. A vida piedosa é conseqüência da sã doutrina. Uma igreja trôpega na Palavra jamais estará na vanguarda da luta pelo restabelecimento dos valores morais absolutos.
2. A vida sem doutrina.
Se a doutrina sem vida deságua em racionalismo estéril, a vida sem doutrina desemboca em misticismo histérico. Esse foi o equívoco do Pietismo alemão do século dezoito, que cansado da doutrina sem vida, foi para o outro extremo e pleiteiam vida sem doutrina e acabou caindo num experiencialismo heterodoxo. Há muitos indivíduos que, em nome da fé evangélica, deixam de lado as Escrituras e buscam uma espiritualidade edificada sobre o frágil fundamento das emoções. Buscam experiência e não a verdade. Buscam uma luz interior e não a luz que emana da verdade de Deus. Correm atrás de gurus espirituais, guias cegos, que arrastam consigo, para o abismo do engano, seus incautos seguidores.
3. O liberalismo teológico.
O liberalismo teológico nasceu do ventre do racionalismo iluminista. O homem, cheio de empáfia, decidiu que só poderia aceitar como verdade o que a razão humana pudesse explicar. O resultado imediato foi a negação das grandes doutrinas do cristianismo como a criação, a redenção e a ressurreição. A Bíblia foi retalhada, mutilada e torcida. Os seminários que outrora formaram teólogos de renome e missionários comprometidos com a evangelização dos povos foram tomados de assalto por esses liberais e muitos pastores formados nesses seminários despejaram esse veneno mortífero dos púlpitos nas igrejas e o rebanho de Deus, desorientado e faminto do pão da Vida, foi disperso. Há milhares de igrejas mortas pelo mundo afora, vitimadas pelo liberalismo teológico. Precisamos entender que a verdade de Deus é inegociável. A igreja que abandona a sã doutrina morre.
4. O sincretismo religioso.
O Brasil é um canteiro fértil onde floresce o sincretismo religioso. Mais e mais igrejas aderem a essa prática para atrair pessoas. Templos lotados e multidões sem conta se acotovelam em grandes concentrações públicas para buscar um milagre, uma cura ou uma experiência que lhes mitigue a angústia, que só o evangelho de Cristo pode oferecer. Precisamos de uma nova Reforma que traga de volta a igreja para a Palavra. Precisamos de seminários que não se dobrem à sedução dos liberais nem se entreguem ao pragmatismo ávido por resultados.
Precisamos de pastores que amem a Cristo e sejam fiéis às Santas Escrituras para alimentar o rebanho de Deus com o trigo da verdade em vez de empanturrá-lo com a palha do sincretismo religioso
Precisamos de uma igreja bíblica, viva, santa, cheia do Espírito, alegre, vibrante e operosa. 
Uma igreja herdeira da Reforma e continuadora da Reforma!


Pr Pedro Pereira

sábado, 27 de agosto de 2011

Os falsos profetas da Teologia da Prosperidade



Os falsos profetas com as falsas profecias continuam agindo nos dias atuais. Eles estão por toda parte, proclamam absurdos e as mais diversas heresias. Nos últimos dias, um claro exemplo da gravidade deste problema acontece em plena TV aberta aqui no Brasil. Estou falando das profecias e ensinos acerca da Teologia da Prosperidade e da Vitória Financeira.

Campanhas ridículas e argumentos heréticos estão conduzindo muita gente boa e simples ao engano. Em nome da salvação de almas se levanta recursos para a manutenção de programas que não pregam mais o Evangelho de Jesus, que se tornaram meros disseminadores da chamada "Teologia da Auto-ajuda."

A relação da Teologia da Prosperidade com os televangelistas remonta à década de 50, quando o evangelista Oral Roberts criou a noção de “Vida Abundante” e deu início à pregação da doutrina e evangelho da prosperidade, prometendo retorno financeiro sete vezes maior que o valor ofertado. Oral Roberts passou a dar maior ênfase a tal mensagem a partir de 1954, quando ao ingressar na TV, suas despesas aumentaram de maneira considerável. Nos anos 70, nos narra Ricardo Mariano, que Kennet e Gloria Copeland radicalizaram, dando maior projeção ao evangelho da prosperidade, quando prometeram retorno centuplicado dos dízimos e ofertas.

Em relação aos falsos profetas, observe o que nos diz a Bíblia Sagrada:

"Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra de se não cumpri, nem suceder, como profetizou, esta é a palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenha temor dele." (Dt 18.22)

"Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o SENHOR, vosso Deus, e a ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele vos achegareis". (Dt 13.1-4)

Perceba que um falso profeta não é apenas alguém que fala (ou prediz) algo em nome de Deus, e que este algo não acontece. O segundo texto deixa claro que um profeta ou sonhador pode anunciar um sinal ou prodígio, e que isto pode vir a acontecer, mas que tal fato não autentica a integridade e a autoridade do profeta, nem a legitimidade da profecia.

Para discernir o falso do verdadeiro a pergunta chave é: Juntamente com a profecia, há um cuidado do profeta em se manter fiel ao Deus da Palavra e à Palavra de Deus?

Ir após outros deuses é o mesmo que ir após aquilo que o SENHOR não prescreveu, que não se sustenta à luz das Santas Escrituras, ou ir após aqueles que propagam esses falsos ensinos.

A prosperidade dos filhos de Deus é uma verdade bíblica? É claro que sim (confira em Js 1.8; Sl 1.1-3; 2 Co 9.10-11). Já a Teologia da Prosperidade, com sua ênfase demasiada nas riquezas, suas exegese deturpada, seus métodos grosseiros e seus falsos profetas, não passa de uma corrupção doutrinária clara e absurda, que deve ser veementemente combatida e repudiada no meio cristão.

Altair Germano - Pastor auxiliar da Assembleia de Deus em Abreu e Lima-PE, Teólogo, Pedagogo, Vice-Presidente do Conselho de Educação e Cultura da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, 2º Vice-Presidente do Diretório Estadual em Pernambuco da Sociedade Bíblica do Brasil, conferencista e escritor.


O que é a Teologia da Prosperidade?


 A teologia da prosperidade pode ser entendida como um conjunto de princípios que afirmam que o cristão verdadeiro tem o direito de obter a felicidade integral, e de exigi-la, ainda durante a vida presente sobre a terra. Bastando para isso que tenha confiança incondicional em Jesus. Seu desenvolvimento foi gradual desde a década de 1940. Vejamos:
Essek William Kenyon (Nova York, EUA, 1867)
Ex-pastor das igrejas batista, metodista e pentecostal, influenciado por idéias de seitas cristãs/metafísicas, desenvolveu estudos que entre outras coisas tratava de: poder da mente, a inexistência das doenças e o poder do pensamento positivo.
Kenneth Hagin (Texas, EUA, 1918)
Discípulo de Kenyon. sofreu várias enfermidades e pobreza na juventude; Aos 16 anos diz ter recebido uma revelação quando lia Mc 11.23,24, entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da "Confissão Positiva". Foi pastor da igreja batista; da Assembléia de Deus, em seguida passou por várias igrejas pentecostais, e , finalmente, fundou sua própria igreja, aos 30 anos, fundando o Instituto Bíblico Rhema. As idéias de Hagin que levaram ao estabelecimento da teologia da prosperidade pode ser dividida em três pontos principais:

1) Autoridade Espiritual
Segundo K. Hagin, Deus tem dado autoridade (unção) a profetas nos dias atuais, como seus porta-vozes. Ele diz que "recebe revelações diretamente do Senhor"; "...Dou graças a Deus pela unção de profeta...Reconheço que se trata de uma unção diferente...é a mesma unção, multiplicada cerca de cem vezes" (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7).

2) Bênçãos e Maldições da lei
K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei. Eles ensinam que "todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente. Os seguidores de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova própria, as melhores roupas, uma vida de luxo.

3. Confissão Positiva
É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na "fórmula da fé", que Hagin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a "fórmula".
Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:
1) "Diga a coisa" positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá". Essa é a essência da confissão positiva.
2) "Faça a coisa". "Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá".
3) "Receba a coisa". Compete a nós a conexão com o dínamo do céu". A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo.
4) "Conte a coisa" a fim de que outros também possam crer". Para fazer a "confissão positiva", o cristão dever usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de dizer : peço, rogo, suplico; jamais dizer: "se for da tua vontade", pois isto destrói a fé.
Introdução no Brasil
Como vimos a Teologia da Prosperidade teve sua origem na década de 40 nos Estados Unidos, mas a efetiva introdução no meio evangélico se deu na década de 70. Adicionou um forte cunho de auto-ajuda e valorização do indivíduo, agregando crenças sobre cura, prosperidade e poder da fé através da confissão da "Palavra" em voz alta e "No Nome de Jesus" para recebimento das bênçãos almejadas; por meio da Confissão Positiva, o cristão compreende que tem direito a tudo de bom e de melhor que a vida pode oferecer: saúde perfeita, riqueza material, poder para subjugar Satanás, uma vida plena de felicidade e sem problemas. Em contrapartida, dele é esperado que não duvide minimamente do recebimento da bênção, pois isto acarretaria em sua perda, bem como o triunfo do Diabo. A relação entre o fiel e Deus ocorre pela reciprocidade, o cristão semeando através de dízimos e ofertas e Deus cumprindo suas promessas.
No Brasil a primeira e principal igreja seguidora dessa doutrina é a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), fundada em 1977 por Edir Macedo que adaptou as suas práticas para as características brasileiras, além de possuir metodologias e princípios próprios. Em vez de ouvir num sermão que "é mais fácil um camelo atravessar um buraco de agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus" (Mateus 19,24 e Marcos 10,25), agora a novidade reside na possibilidade de desfrutar de bens e riquezas, sem constrangimento e com a aquiescência de Deus.
Para os pobres e desafortunados de uma em maneira geral, o direito de possuir as bênçãos como filho de Deus traz alívio e esperança na solução de todos os seus problemas. Segundo Edir Macedo, Jesus veio pregar aos pobres para que estes se tornassem ricos. Arrependimento e redenção, tema central no Cristianismo, e as dificuldades nesta vida para o justo de Deus são temas raramente tratados. Além da IURD temos as Igrejas Renascer em Cristo, Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, Nova Vida, Bíblica da Paz, Cristo Salva, Cristo Vive, Verbo da Vida, Nacional do Senhor Jesus Cristo e pelas organizações Adhonep, Missão Shekinah e Internacional da Graça de Deus.

O Papel do “Diabo”
Um importante ponto dentro da doutrina da IURD, assim como na maioria das outras igrejas neopentecostais brasileiras é a intervenção do Diabo na vida do homem. Ele, o Diabo, é o elemento perturbador que está entre a graça de Deus e os pedidos do crente. As bênçãos estão ao alcance de todos mediante a fé, inclusive com a alteração radical de realidades miseráveis em vidas prósperas; porém, se alguém tiver qualquer envolvimento direto ou indireto com o Diabo ou não estiver disposto a "sacrificar" para a obra de Deus, não será agraciado. Não é primordialmente o pecado (individual ou social) que impede a posse dos bens, mas o Diabo, que age segundo seu próprio arbítrio, contra quem o crente deve lutar. Uma vez que a responsabilidade fica por conta do fiel e do Diabo, cria-se uma linha de tensão entre a posse da bênção e a atuação diabólica. Este mecanismo permite explicar porque muitos fiéis não alcançam a graça.
Ao longo do ano de 2001, a IURD passou a utilizar o vocábulo ”encosto” que na linguagem popular corresponde aproximadamente à “obsessor” na nomenclatura espírita. O encosto passou a ser a entidade que “pessoalmente” provoca todo e qualquer tipo de mal ao homem, aparentemente a serviço do Diabo. Creio que essa mudança estratégica se deva a dois fatores: Primeiro o de sugerir ao crente que ele pode vencer mais facilmente o inimigo, já que não se trata do próprio Diabo em pessoa; e segundo pelo aprendizado prático dos pastores que perceberam que não estão tratando sempre com a mesma entidade durante as seções onde supostamente o Diabo se manifestava através de alguns fiéis.
A este propósito devemos lembrar, mais uma vez, que segundo a doutrina da IURD, o indivíduo não é exatamente a sede do pecado, o que exigiria dele o arrependimento, mas uma vítima da ação maligna: o ato de pecar não deriva de sua escolha, mas o Mal é fruto do encosto que atrapalha a sua vida, em especial a financeira, que consideram um sinal de bênção.

Doutrina da Reciprocidade
Na busca da bênção, o fiel deve determinar, decretar, reivindicar e exigir de Deus que Ele cumpra sua parte no acordo; ao fiel compete dar dízimos e ofertas. A Deus cabe abençoar. Ao estabelecer esta relação de reciprocidade com Deus, o que ocorre é que Ele, Deus, fica na obrigação de cumprir todas as promessas contidas na Bíblia na vida do fiel. Torna-se cativo de sua própria Palavra.
Macedo ensina como proceder:
Comece hoje, agora mesmo, a cobrar d'Ele tudo aquilo que Ele tem prometido (...) O ditado popular de que 'promessa é divida' se aplica também para Deus. Tudo aquilo que Ele promete na sua palavra é uma dívida que tem para com você (...) Dar dízimos é candidatar-se a receber bênçãos sem medida, de acordo com o que diz a Bíblia (...) Quando pagamos o dízimo a Deus, Ele fica na obrigação (porque prometeu) de cumprir a Sua Palavra, repreendendo os espíritos devoradores (...) Quem é que tem o direito de provar a Deus, de cobrar d'Ele aquilo que prometeu? O dizimista! (...) Conhecemos muitos homens famosos que provaram a Deus no respeito ao dízimo e se transformaram em grandes milionários, como o sr. Colgate, o sr. Ford e o sr. Caterpilar. (MACEDO, Vida com Abundância, p. 36)
E prossegue:
Ele (Jesus) desfez as barreiras que havia entre você e Deus e agora diz ¾ volte para casa, para o jardim da Abundância para o qual você foi criado e viva a Vida Abundante que Deus amorosamente deseja para você (...). Deus deseja ser nosso sócio (...). As bases da nossa sociedade com Deus são as seguintes: o que nos pertence (nossa vida, nossa força, nosso dinheiro) passa a pertencer a Deus; e o que é d'Ele (as bênçãos, a paz, a felicidade, a alegria, e tudo de bom) passa a nos pertencer. (MACEDO, Vida com Abundância, pp. 25,85-86)
O Neopentecostalismo se caracteriza exatamente por este tipo de relacionamento do fiel com Deus, inspirada na Teologia da Prosperidade: o cristão tem direito a tudo de bom e de melhor neste mundo. Nas palavras de Macedo: A Bíblia tem mais de 640 vezes escrita a palavra oferta. Oferta é uma expressão de fé. Se Deus não honrar o que falou há três ou quatro mil anos, eu é que vou ficar mal. (MACEDO, O Globo, 29/4/1990). Cabe ao fiel demonstrar revolta diante de Deus e "de dedo em riste" exigir que as promessas bíblicas se cumpram.

 Sacrifícios
Torna-se impossível não evidenciar que essa relação agrega um forte simbolismo ao dinheiro: o fiel propõe trocas com Deus para conseguir a bênção desejada. Neste discurso, a soberania de Deus é compartilhada pelo fiel na relação de troca. É incentivado que o fiel se acomode ao mundo das novas tecnologias, acumule riquezas, more melhor, possua carro e não tenha sentimento de culpa por não negar o mundo; pelo contrário, a conduta ascética tem diminuído entre os pentecostais desde a década de 70.
Na relação de troca o fiel dá o dízimo, ofertas, participa das campanhas:
É necessário dar o que não se pode dar. O dinheiro que se guarda na poupança para um sonho futuro, esse dinheiro é que tem importância, porque o que é dado por não fazer falta não tem valor para o fiel e muito menos para Deus. (MACEDO, Isto É Senhor, 22/11/1989).
E tem a garantia dos pastores de que Deus cumprirá sua parte: Ele ficará na obrigação de cumprir Sua Palavra. (MACEDO, Mensagens, p. 23). E ainda, O ditado popular de que 'promessa é dívida' se aplica também a Deus. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, p. 103). A ênfase na necessidade de dízimos e ofertas é explicada pelos líderes da IURD: caso o fiel não alcance o sucesso almejado, a responsabilidade e a falha são suas.
As doações em dinheiro ou bens são presentes colocados no altar de Deus, logo, para uma grande bênção, um valioso presente! A fé é um instrumento de troca; uma mercadoria, e nesta relação "toma lá, dá cá", a imagem de Deus torna-se mais próxima e trivializada, em oposição à doutrina difundida pelo protestantismo histórico e pelo catolicismo tradicional, a partir da qual reverência e submissão são enfatizadas.
Dependendo do grau de interesse do ofertante, o presente, por mais caro que seja, ainda assim se torna barato diante daquilo que está proporcionando ao presenteado. Quando há um profundo laço de afeto, ternura e amor entre o que presenteia e o que recebe, o presente nunca deve ser inferior ao melhor que a pessoa tem condições de dar. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e ofertas, p. 12)
O fiel deve sacrificar o "seu tudo". A IURD tem uma campanha em que estimula o fiel a doar o máximo que puder na espera da bênção. Muitas pessoas dão tudo o que têm naquele momento de sua vida: uma caderneta de poupança, o dinheiro para comprar comida, o dinheiro para o ônibus, e assim por diante.
Aqueles que vêem as doações das ofertas com maus olhos, ou seja, do ponto de vista meramente mercadológico, principalmente do lado da Igreja, também têm dificuldades para compreender a razão da vinda do Filho de Deus ao mundo. (...) haja vista que a oferta está intimamente relacionada com a salvação eterna em Cristo Jesus. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e ofertas, p. 14)
O adepto é conclamado a concorrer por melhores condições num mundo de extrema desigualdade social. E ainda tem de assumir uma responsabilidade a mais: a de ter sucesso, senão sua vida pode estar comprometida com as forças malignas ou com sua própria incapacidade de gerenciar suas possibilidades. Há muitas oportunidades para aqueles que vivem nos bolsões de pobreza? É onde se encontram muitas igrejas da Universal. Mas, mesmo assim, é preciso "sacrificar" diante de Deus e, de preferência, em dinheiro: Aqueles que examinam o custo do sacrifício jamais sacrificarão uma grande oferta, e aqueles que não sacrificam para a obra de Deus jamais conquistarão qualquer vitória. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, p. 21).
Colocado nestes termos, é o fiel quem decide: Tudo depende de você. Se perseverar, automaticamente conquistará as bênçãos de Deus. E assim, entrará na terra prometida. (MACEDO, Mensagens, p. 21).
E a igreja administra a sua doação: A árvore proibida, no paraíso, representava o dízimo, isto é, a parte de Deus na qual o homem não podia sequer tocar, embora pudesse regá-la e fazê-la crescer. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, pp. 99-100). Já ao fiel cabe expulsar Satanás, participar das correntes de prosperidade, ler sobre como muitos irmãos conseguiram resultados exigindo de Deus o que têm direito. De resto, aquele que não alcançar uma bênção, não dará testemunho nem será citado nos livros.
Auto-ajuda
É certo que muitas pessoas neste mundo são ricas, mesmo sem possuírem Deus no coração. Vencem, entretanto, porque confiam na força do seu trabalho, e por isso, são possuidoras de uma riqueza honesta e digna. (...) Reafirmo que nossa vida depende de nós mesmos. (MACEDO, Mensagens, pp. 27, 22).
Algumas das características do discurso iurdiano denotam a recomendação de autoconfiança; o fiel deve crer nele mesmo, em sua capacidade individual. A estratégia oferecida pela IURD, baseada na Teologia da Prosperidade, estimula o membro da igreja a ser participativo nos cultos em relação a ofertas e dízimos e reivindicar perante Deus aquilo que lhe pertence por direito. Se todo o discurso sobre espiritualidade vem atrelado à intervenção do Diabo, quando se trata de dinheiro, o fiel tem de ir à luta e buscar a Deus com revolta, que neste caso, assume um sentido de inconformidade com a própria situação: doença, pouco dinheiro, ser empregado assalariado, etc., e é Deus quem tem que assumir Sua posição diante do fiel: a IURD assim o exige. Porque Deus é obrigado, como em um contrato, a fazer sua parte!
Depende apenas de você o que será feito de sua vida, pois quem decide nosso destino somos nós mesmos. Não são as outras pessoas; não é Deus, nem o Diabo. (...) Não adianta ficar só jejuando ou orando. É preciso buscar o que você quer; fazer a sua parte, e então falar ousadamente com Deus, revoltado com a situação. Você deve dar o primeiro passo, pois Deus não o fará por você. (MACEDO, Mensagens, p. 28).

Fonte ignorada

Que Deus nos abençõe.
Pr Pedro Pereira

Crentes decepcionados são os novos peregrinos da fé


Lendo esse artigo resolvi compartilhar pra a nossa reflexão. Vejamos:

Ao decepcionar-se numa igreja, o crente vai em busca de outra. Nas grandes cidades, detecta Romeiro, há um contingente significativo de evangélicos que circulam, constantemente, de igreja em igreja, constituindo o fenômeno que os sociólogos chamam de "trânsito religioso".

A tese de Romeiro está descrita em trabalho de doutorado em teologia. A tese foi transformada em livro e deverá ser lançado entre abril e maio sob o título Decepcionados com a graça - Esperanças e frustrações no Brasil neopentecostal, pela editora Mundo Cristão.

O "nômade da fé", descreveu Romeiro na entrevista à Eclésia, busca respostas imediatas aos problemas, "uma vez que vivemos na era da velocidade. Se as respostas não chegam rápido, o sujeito procura uma nova igreja".

E o que essas pessoas que são atraídas às igrejas neopentecostais buscam? Que fiquem ricas, sejam curadas de todo tipo de doença e que todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de dinheiro até a falta de emprego. Essas são promessas da teologia da prosperidade, que propõe banir a pobreza, a doença.

O problema não está na prosperidade, mas na teologia, assinalou Romeiro. Para a teologia da prosperidade, o crente "deve morar em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente. Quando isso não acontece, é porque ele está sem fé, em pecado ou debaixo do poder de Satanás", explicou o pastor da Igreja da Trindade.

Romeiro mudou a lógica no argumento: "Ora, se formos avaliar a vida espiritual de uma pessoa pela casa onde mora ou pelo saldo bancário, temos que concluir que muitos jogadores de futebol e artistas têm uma comunhão com Deus fora do comum. E isso não é verdade".

Hoje em dia, analisou o pastor, as pessoas na igreja funcionam na base da emoção, e não pela reflexão. A teologia da prosperidade e todo esse clima de emoção têm forte apoio na mídia, um instrumento que as igrejas neopentecostais sabem trabalhar muito bem.

"Creio que o fator principal que garante a sobrevivência do movimento neopentecostal é o seu investimento pesado na mídia e o seu sucesso em colocar a igreja no mercado e as políticas do mercado na igreja", avaliou Romeiro na entrevista à Eclésia.

Isso ainda vai durar algum tempo, representando crescimento dos principais grupos neopentecostais no Brasil. Mas não têm mais o mesmo ímpeto que tinha no passado.

Romeiro entende que, "na medida em que os adeptos vão se decepcionando com a mensagem e a falta de ética de alguns segmentos neopentecostais, creio que haverá uma volta à Bíblia por parte de muitos. Por isso, as igrejas cristãs devem estar preparadas para receber e ajudar tais pessoas", recomendou.

Na entrevista, Romeiro também questionou o fato de mais e mais pessoas se converterem e a situação da nação brasileira ficar cada vez pior, basta analisar os casos de violência, o tráfico de drogas, que estão "fora do controle das autoridades". Que Evangelho é esse que não afeta a sociedade para melhor nem transforma pecadores em santos? - pergunta.

O neopentecostalismo, definiu, é "vigoroso na sua ação evangelizadora, na capacidade de agrupar pessoas, mas frágil na sua ação disciplinadora".

Fonte: ALC



PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DA REFORMA PROTESTANTE


No ano de 1994, com o objetivo de tratar da situação dos evangélicos contemporâneos, foi formada a Aliança dos Evangélicos Confessionais. Um grupo de líderes, constituído por ilustres ministros evangélicos da atualidade, se reuniu para tratar sobre a decadência que estava havendo no protestantismo e discutir sobre o que poderia ser feito para fortalecer as igrejas evangélicas.
Cento e vinte ministros evangélicos, professores e líderes de organizações para-eclesiásticas se reuniram em Cambridge, Massachusetts, em abril de 1996, durante quatro dias, para juntos elaborarem a Declaração de Cambridge.
A Declaração de Cambridge expressa de forma sucinta a necessidade de se retornar aos princípios teológicos da Reforma, expressos nos cinco solas:
Infelizmente, na igreja evangélica atual, embora se fala muito sobre a necessidade de renovação e avivamento, percebe-se que a glória de Deus foi, em grande, parte esquecida por esta mesma igreja. Por esta razão, não é muito provável que os avivamentos genuínos aconteçam de novo enquanto a igreja não recuperar as verdades que exaltam e glorificam a Deus na salvação. Como esperar que Deus se mova entre o povo, enquanto esse povo não dizer de novo, com verdade: "Só a Deus seja a glória"?
As igrejas evangélicas de hoje estão cada vez mais dominadas pelo espírito deste século em vez de pelo Espírito de Cristo. Como evangélicos, nós nos convocamos a nos arrepender desse pecado e a recuperar a fé cristã histórica.
No decurso da História, as palavras mudam. Na época atual isso aconteceu com a palavra evangélico. No passado, ela serviu como elo de união entre cristãos de uma diversidade ampla de tradições eclesiásticas. O evangelicalismo histórico era confessional. Acolhia as verdades essenciais do Cristianismo conforme definidas pelos grandes concílios ecumênicos da Igreja. Além disso, os evangélicos também compartilhavam uma herança comum nos "solas" da Reforma Protestante do século 16.
Hoje, a luz da Reforma já foi sensivelmente obscurecida. A conseqüência foi a palavra evangélico se tornar tão abrangente a ponto de perder o sentido. Enfrentamos o perigo de perder a unidade que levou séculos para ser alcançada. Por causa dessa crise e por causa do nosso amor a Cristo, seu evangelho e sua igreja, nós procuramos afirmar novamente nosso compromisso com as verdades centrais da reforma e do evangelicalismo histórico. Nós afirmamos essas verdades e não pelo seu papel em nossas tradições, mas porque cremos que são centrais para a Bíblia.

SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes têm mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.
Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.
A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.
A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.
Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

SOLO CHRISTUS
: A Erosão da Fé Centrada em Cristo

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Tese 2: Solo Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.
Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.
A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.
Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.
Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.
Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos na verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.
Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja, mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLI  DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, o­nde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.
Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.
Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

Um Chamado ao Arrependimento e à Reforma

A fidelidade da igreja evangélica no passado contrasta fortemente com sua infidelidade no presente. No princípio deste mesmo século, as igrejas evangélicas sustentavam um empreendimento missionário admirável e edificaram muitas instituições religiosas para servir a causa da verdade bíblica e do reino de Cristo. Foi uma época em que o comportamento e as expectativas cristãs diferiam sensivelmente daquelas encontradas na cultura. Hoje raramente diferem. O mundo evangélico de hoje está perdendo sua fidelidade bíblica, sua bússola moral e seu zelo missionário.
Arrependamo-nos de nosso mundanismo. Fomos influenciados pelos "evangelhos" de nossa cultura secular, que não são evangelhos. Enfraquecemos a igreja pela nossa própria falta de arrependimento sério, tornamo-nos cegos aos pecados em nós mesmo que vemos tão claramente em outras pessoas, e é indesculpável nosso erro de não falar às pessoas adequadamente sobre a obra salvadora de Deus em Jesus Cristo.
Também apelamos sinceramente a outros evangélicos professos que se tenham desviado da Palavra de Deus nos assuntos discutidos nesta declaração. Incluímos aqueles que declaram haver esperança de vida eterna sem fé explícita em Jesus Cristo, os que asseveram que quem rejeita a Cristo nesta vida será aniquilado em lugar de suportar o juízo justo de Deus pelo sofrimento eterno e os que dizem que os evangélicos e os católicos romanos são um em Jesus Cristo, mesmo quando a doutrina bíblica da justificação não é crida.
A Aliança de Evangélicos Confessionais pede que todos os crentes dêem consideração à implementação desta declaração no culto, ministério, política, vida e evangelismo da igreja.

Em nome de Cristo. Amém.

Aliança de Evangélicos Confessionais.
Cambridge, Massachusetts.