sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A DIFERENÇA ENTRE MORALISMO E MISERICÓRDIA


O mundo cristão está cheio de moralistas, de pessoas que vivem um evangelho muito diferente daquele pregado e ensinado por Jesus.

O moralista jubila com a queda alheia, pois isso fortalece o seu senso de justiça própria. O misericordioso chora diante da mesma situação, pois entende ser passivo do mesmo erro. 

Em se tratando de santidade e justiça, o moralista é alguém que se percebe sempre acima da média (Lc 18.9-14).

O moralista está sempre pronto para apontar e para condenar sem misericórdia alguma as transgressões que se tornam manifestas e concretas na vida do próximo, enquanto que a sua própria mente é um depósito de promiscuidade, perversão e imoralidade (Mt 5.27-28). Apontando para as transgressões alheias ele procura desviar as atenções de suas próprias transgressões. Fazendo assim, ele promove o engano e o autoengano.

O moralista é alguém que em nada difere interiormente daqueles que desprezam o conhecimento de Deus, pois estão: "cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade, possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade". (Rm 1.29)

O moralista se coloca geralmente numa condição superior a do próprio Deus, pois enquanto este apaga, esquece e lança as nossas transgressões nas profundezas do mar, o primeiro sempre procura trazê-las à tona e colocá-las em evidência:
"Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro." (Is 43.25)
"Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar". (Mq 7.18-19)

Os moralistas pisam nos transgressores com o propósito de destruí-los e desmoralizá-los, enquanto que o Deus misericordioso pisa nas transgressões (iniquidades), com o propósito de restaurar o transgressor.

Em Provérbios 28.13 lemos: "O que encobre as suas transgressões nunca prosperá; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia". O texto nos ensina que:

- As transgressões, aquelas reputadas por mais graves ou menos graves são sempre uma possibilidade na vida do crente;

- Não são as transgressões que impedirão a nossa prosperidade, mas sim o ato de encobri-las. Dessa maneira, é possível falhar, mas após confessar a falha poderemos caminhar prosperando em tudo para a glória de Deus;

- O alcance da misericórdia não depende apenas das confissões do transgressor. É preciso deixar as transgressões;

- A misericórdia não promove o conformismo com o erro. O que a misericórdia faz é conceder novas oportunidades aos transgressores, que não devem ser abusadas, pois Deus não é conivente com os que se deleitam e insistem em transgredir. Quem abusa da misericórdia está abusando da graça, e quem abusa da graça pode cair em eterna desgraça.

A autoridade moral e espiritual de um servo e filho de Deus não se relaciona com a ausência do pecado e da transgressão, mas se estas questões são tratadas de acordo com as recomendações das Sagradas Escrituras (2 Sm 12.3; 1 Jo 1.8-10). 

Não se intimide com os moralistas. Apegue-se ao Deus de toda a misericórdia e aos misericordiosos, pois estes com certeza estarão sempre dispostos a perdoar, acolher e amar.


*Extraído do Blog do Pr Altair Germano
.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Resposta sobre o Natal


"Hoje começa o mês de dezembro. E pessoas do mundo todo falarão ainda mais sobre o Natal, mesmo sem conhecerem o seu real significado. No mundo que jaz no Maligno, aumenta o número de pessoas que odeiam a Cristo e seu Natal. 

E, no meio evangélico, a cada ano, surgem mais e mais "entendidos" que satanizam essa celebração e até apresentam razões para ignorarmos o nascimento de Cristo.


Sinceramente, os motivos para odiar ou satanizar o Natal são risíveis, a despeito de eu chorar ante a ignorância dos cristãos (cristãos?) inimigos do Natal. Estes têm dito, por exemplo, que o Natal “traz em seu bojo um clima de angústia e tristeza”, e que isso ocorre por causa de “um espírito de opressão que está camuflado, escondido atrás da tradição romana que se infiltrou na igreja evangélica, e que precisamos expulsar em nome de Jesus”.

Meu Deus! Desde a minha infância aprendi a celebrar o Natal de Cristo. Lembro-me com muita alegria das peças, poesias e cantatas natalinas, além das maravilhosas mensagens de Natal, ministradas por homens de Deus. A lembrança da encarnação do Senhor propicia alegria na alma, e não tristeza! Prova disso é que vários hinos da Harpa Cristã, hinário oficial das Assembleias de Deus, nos estimulam a celebrar o Natal de Cristo. Vejamos especialmente os hinos 21, 120, 366, 481 e 489.

Receio que os inimigos do Natal tenham se deixado influenciar por outro espírito, o do Anticristo, que já está no mundo (1 Jo 4.3). Vivemos em uma época em que o Diabo deseja, a todo custo, fazer com que o nome de Jesus desapareça da face da terra. E uma de suas estratégias é apresentar “outro evangelho”, fanatizante, farisaico, legalista, que procura desviar os salvos da verdade, carregando-os de ordenanças, como: “não toques, não proves, não manuseies”, as quais “perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens” (Cl 2.20-22).  

Tais "experts" em apreço dizem, também, que a Bíblia não apresenta um mandamento para celebrar o Natal... O que eles queriam, que Deus ordenasse: “Celebrai com júbilo o Natal de Cristo, todos os moradores da terra”? Nem tudo, nas Escrituras, é tratado por meio de mandamentos. Ela é também um Livro de princípios, doutrinas, tipos, símbolos, parábolas, metáforas, profecias, provérbios, exemplos, etc. E um grande exemplo foi dado pelos anjos de Deus, que celebraram o Natal de Cristo, dizendo: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!” (Lc 2.14).

Mas, se tais cristãos são fanáticos a ponto de se apegarem a questiúnculas, parem de comemorar o Dia do Pastor, o Dia da Bíblia, o Dia da Escola Dominical, o Dia de Missões, etc. Ah, e também parem de receber presentes de aniversário, pois não há nenhum mandamento bíblico do tipo: “Eis que presentes receberás no dia do teu aniversário”. 

O fanatismo dos inimigos do Natal é tão grande que os leva a seguir pensamentos extremistas, como este: “O Natal é uma festa que centraliza a visão do palpável e esquece do que é espiritual. Para Jesus o mais importante é o Reino de Deus, que não é comida e bebida, mas justiça e paz no espírito”. Dá-me paciência, Senhor! Eles nunca aprenderam que o cristão é diferente do mundo, a despeito de estar no mundo? Conquanto o Reino de Cristo seja preponderantemente espiritual, somos pessoas normais. Precisamos trabalhar, estudar, nos alimentar... O cristão que se preza conhece o verdadeiro sentido do Natal e sabe distingui-lo do Natal secular, sincrético, consumista (cf. 1 Co 10.23-32).

Inimigos do Natal que lerem este artigo poderão argumentar: “a igreja do Senhor está vivendo a época profética da festa dos tabernáculos, que significa a preparação do caminho do Senhor, e, se você prepara o caminho para Ele nascer, não o prepara para Ele voltar”. Onde eles aprenderam isso? Tenho certeza de que não foi na Escola Dominical nem em uma instituição de ensino que preza a ortodoxia. Eles se opõem à celebração do Natal em razão de não haver um mandamento específico... Mas, ao mesmo tempo, se apegam a uma aplicação "forçada" da festa dos tabernáculos para se opor ao Natal de Cristo? Haja incoerência!

Uma das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus é o nascimento do Senhor Jesus, isto é, a sua gloriosa encarnação (Jo 1.14; 1 Tm 3.16). Aliás, a obra da expiação está em um tripé: nascimento do Senhor, sua morte e sua ressurreição (Gl 4.4; 1 Co 15.1-4). Ignorar o Natal de Cristo é negar parte de sua obra salvífica.

Mas os inimigos do Natal vão alegar que o nascimento de Jesus não tem mais nenhum sentido profético, pois todas as profecias que apontavam para sua primeira vinda ao mundo já se cumpriram... É mesmo? Então, para eles, a Bíblia é apenas um tratado de escatologia, que se ocupa exclusivamente de assuntos relativos ao futuro? Ora, as Escrituras apresentam muitas doutrinas escatológicas, porém elas também contêm teologia, cristologia, pneumatologia, antropologia, hamartiologia, soteriologia, eclesiologia e angelologia. Sabemos que o Natal de Cristo está ligado diretamente à cristologia e à soteriologia. Entretanto, como todas as doutrinas bíblicas são intercambiáveis, em Apocalipse 12 há uma menção ao Menino Jesus! Será que os sapientíssimos fariseus do século XXI já atentaram para isso?

Outro motivo alegado para não comemorarmos o Natal de Cristo é o dia 25 de dezembro. Os opositores do Natal dizem que essa data foi estabelecida pela Igreja Católica Romana. Mas, à época, a intenção foi boa! Considerando que já havia uma grande comemoração pagã no mesmo dia, o imperador obrigou a todos a se lembrarem do dia natalício de Cristo. Se um dia ocorrer um grande avivamento no Brasil, e todos os poderes se converterem ao Evangelho, e ficar estabelecido que 12 de outubro é o Dia de Louvor a Jesus Cristo, nos oporemos a isso, sob a alegação de que essa data fora outrora consagrada à Senhora Aparecida?

“Ah, mas o Natal se tornou um culto comercial que visa render muito dinheiro. Tirar dos pobres e engordar os ricos. É uma festa de ilusão onde muitos se desesperam porque não podem comprar um presentinho para os filhos”, os inimigos do Natal argumentarão. O que isso tem a ver com o verdadeiro sentido do Natal de Cristo? A Páscoa também é aproveitada pelo mundo capitalista para explorar o consumismo. Vamos ignorar a Páscoa por causa disso?

Se há uma celebração de Natal que prioriza o comércio, existe, também, uma celebração que prioriza Cristo! Segue-se que esse motivo alegado para não celebrar o Natal de Cristo é reducionista, generalizante e preconceituoso. Tais "entendidos" acusam o Natal de ser uma festividade “baseada em culto a falsos deuses nascidos na Babilônia. Então, se recebemos o Natal pela igreja católica romana, e esta por sua vez recebeu do paganismo, de onde receberam os pagãos? Qual a origem verdadeira?” Quanta ignorância! O Natal de Cristo precede e transcende o paganismo da Igreja Católica Romana.

Lembrar do nascimento de Cristo, descrito na Bíblia, e glorificar a Deus por ter nos dado o seu Filho Unigênito é lícito e conveniente. Isso nada tem a ver com Roma, Babilônia, etc. Ademais, o fato de o Natal ser celebrado também pela Igreja Católica Romana não torna o Natal de Cristo idolátrico. Caso contrário, a missa, com a sua hóstia, tornaria a Ceia do Senhor igualmente idolátrica, não é mesmo? Esses cristãos inimigos do Natal pensam que sabem muito, mas estão redondamente enganados! Idolatria é condição do coração. Ela não é um pecado praticado de modo subjetivo.

Finalmente, tais "entendidos", inimigos do Natal, reprovam e até proíbem a celebração do Natal de Cristo por causa de Papai Noel, duendes, gnomos, decorações natalinas e outras coisas mundanas. Mas cometem um grande pecado, ao se mostrarem mais santos do que os outros. Coam mosquitos e engolem camelos. Além disso, interferem na liberdade que Cristo outorgou aos seus seguidores e exigem um padrão de santidade que nem a Palavra de Deus exige! Meditem em Eclesiastes 7.16,17.

Graças a Deus, a maioria dos seguidores de Cristo não aceita essa interferência fanatizante em sua liberdade. Caso contrário, o cristianismo se transformaria em uma religião extremista, fanática, sectária, e tudo passaria a ser pecaminoso: bolo de aniversário, vestido de noiva, terno, gravata, calça jeans, passeio no shopping... Aliás, já houve um tempo em que o rádio era a caixa do Diabo, e o crente não podia usar perfume! Que Deus nos guarde do legalismo farisaico!"

* Extraído do Blog do Pr Ciro Sanches Zibordi

sábado, 24 de novembro de 2012

Credo Atanasiano


O Credo de Atanásio, com quarenta artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado: "um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas de um único Cristo." (2)



O Credo descreve:

  • Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.
  • A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
  • Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
  • Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
  • Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.
  • Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
  • O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
  • O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
  • O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
  • O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
  • Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
  • Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.
  • Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
  • Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.
  • Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
  • Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
  • Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.
  • Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
  • Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
  • O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
  • O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.
  • O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
  • Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
  • E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.
  • Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.
  • Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
  • Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
  • É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
  • Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
  • Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
  • Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
  • O qual, embora seja Deus e homem, não é dois, mas um só Cristo.
  • Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.
  • Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
  • Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
  • O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
  • Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
  • Em cuja vinda, todos os homens ressuscitarão com seus corpos, e prestarão conta de suas obras.
  • E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
  • Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo. (3)


1 Extraído de Paulo Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998), 180-82.
2 A. A. Hodge, The Confession of Faith (Edinburgh & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1992), 7.
3 Traduzido a partir do inglês de A. A. Hodge, Outlines of Theology (Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 117-118.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Reforma: uma necessidade constante.

A Reforma não foi um desvio do cristianismo primitivo, mas uma volta a ele. 
A igreja havia se desviado das veredas da verdade e a Reforma foi um movimento para colocar a igreja de volta nesses trilhos. 

Um dos lemas da Reforma era: “Igreja Reformada, sempre reformando”. O que isso significa? Não significa certamente que a igreja precisa ir se amoldando à cultura prevalecente de cada época e sim que a igreja precisa voltar-se continuamente às Escrituras para não se conformar com a cultura prevalecente de cada época. Não é a cultura que julga as Escrituras, mas as Escrituras que julgam a cultura. O primeiro pilar da Reforma foi “Só as Escrituras”. 

Muitas igrejas herdeiras da Reforma, seduzidas pelo encanto das filosofias engendradas pelo enganoso coração humano, afastaram-se daquelas verdades essenciais da fé cristã e capitularam-se às novidades heterodoxas. Queremos, aqui, apontar alguns desses desvios: 

1. A doutrina sem vida. 

A Reforma trouxe não apenas uma volta à Palavra, mas, também, uma volta à piedade. Uma das exigências dos puritanos era: doutrina pura e vida pura. Não podemos separar a doutrina da vida, a teologia da prática, a ortodoxia da piedade. A vida piedosa é conseqüência da sã doutrina. Uma igreja trôpega na Palavra jamais estará na vanguarda da luta pelo restabelecimento dos valores morais absolutos. 

2. A vida sem doutrina. 

Se a doutrina sem vida deságua em racionalismo estéril, a vida sem doutrina desemboca em misticismo histérico. Esse foi o equívoco do Pietismo alemão do século dezoito, que cansado da doutrina sem vida, foi para o outro extremo e pleiteiam vida sem doutrina e acabou caindo num experiencialismo heterodoxo. Há muitos indivíduos que, em nome da fé evangélica, deixam de lado as Escrituras e buscam uma espiritualidade edificada sobre o frágil fundamento das emoções. Buscam experiência e não a verdade. Buscam uma luz interior e não a luz que emana da verdade de Deus. Correm atrás de gurus espirituais, guias cegos, que arrastam consigo, para o abismo do engano, seus incautos seguidores. 

3. O liberalismo teológico. 

O liberalismo teológico nasceu do ventre do racionalismo iluminista. O homem, cheio de empáfia, decidiu que só poderia aceitar como verdade o que a razão humana pudesse explicar. O resultado imediato foi a negação das grandes doutrinas do cristianismo como a criação, a redenção e a ressurreição. A Bíblia foi retalhada, mutilada e torcida. Os seminários que outrora formaram teólogos de renome e missionários comprometidos com a evangelização dos povos foram tomados de assalto por esses liberais e muitos pastores formados nesses seminários despejaram esse veneno mortífero dos púlpitos nas igrejas e o rebanho de Deus, desorientado e faminto do pão da Vida, foi disperso. Há milhares de igrejas mortas pelo mundo afora, vitimadas pelo liberalismo teológico. Precisamos entender que a verdade de Deus é inegociável. A igreja que abandona a sã doutrina morre. 

4. O sincretismo religioso. 

O Brasil é um canteiro fértil onde floresce o sincretismo religioso. Mais e mais igrejas aderem a essa prática para atrair pessoas. Templos lotados e multidões sem conta se acotovelam em grandes concentrações públicas para buscar um milagre, uma cura ou uma experiência que lhes mitigue a angústia, que só o evangelho de Cristo pode oferecer. Precisamos de uma nova Reforma que traga de volta a igreja para a Palavra. Precisamos de seminários que não se dobrem à sedução dos liberais nem se entreguem ao pragmatismo ávido por resultados. 

Precisamos de pastores que amem a Cristo e sejam fiéis às Santas Escrituras para alimentar o rebanho de Deus com o trigo da verdade em vez de empanturrá-lo com a palha do sincretismo religioso. Precisamos de uma igreja bíblica, viva, santa, cheia do Espírito, alegre, vibrante e operosa. Uma igreja herdeira da Reforma e continuadora da Reforma!


Pr Pedro Pereira

domingo, 30 de setembro de 2012

PROCURA-SE UMA "BOA IGREJA"



Tornou-se comum nos círculos pastorais se falar em uma “boa igreja”. Mas, o que tal expressão envolve? Qual o conceito de uma “boa igreja” em alguns círculos evangélicos na atualidade?

Ouvindo e analisando o discurso sobre uma “boa igreja”, cheguei a conclusão de que para se enquadrar nesse perfil, é necessário que uma igreja local ou congregação preencha os seguintes requisitos:

- Ter um bom número de membros e congregados ativos;

- Esse bom número de membros e congregados ativos devem proporcionar uma boa oferta, capaz de promover o crescimento institucional desta igreja, e de proporcionar tranquilidade e segurança financeira ao seu pastor;

- O templo onde os cultos são realizados deve estar situado num lugar de boa visibilidade, bom acesso e bom estacionamento;

- Uma boa arquitetura exterior e interior, associada a um bom conforto são indispensáveis;

- A vida comunitária deve ser de boas relações, onde os conflitos internos são os mínimos possíveis;

- A “boa igreja” não precisa exercer influência na vida espiritual e moral dos moradores do bairro ou da cidade onde está inserida, desde que exerça uma forte influência política e social entre os mesmos;

- A “boa igreja” é caracterizada pela presença de membros e visitantes ilustres da classe média alta, dos ricos e de personalidades notáveis de grande destaque social.

Como se percebe, a ideia contemporânea sobre uma “boa igreja” em nada se alinha com aquilo que as Escrituras dizem acerca da Igreja de Jesus. A visão acima apresentada, de caráter mercadológico e empresarial, acaba promovendo competição entre aqueles que anseiam um dia pastorear uma “boa igreja”, ou frustração na vida daqueles que são removidos de uma “boa igreja”.

Uma igreja local “boa” é aquela que está inserida no contexto maior da Igreja Universal, edificada por Jesus (Mt 16.18), único e inabalável fundamento (1 Co 3.11).

Uma igreja local “boa” possui tal qualidade pelo fato de ser criação de um Deus essencialmente e plenamente bom (Ef 3.6-9).

Uma igreja local “boa” é aquela que manifesta a multiforme sabedoria de Deus entre principados e potestades nos lugares celestiais (Ef 3.10).

Uma igreja local “boa” trabalha na evangelização e na prática do discipulado entre os povos (Mc 16.15; Mt 28.19-20), na perseverança na doutrina, na oração, na comunhão, na adoração (At 2.42-47) e no socorro aos necessitados (At 4.32-35).

Uma igreja local "boa" é rica em Cristo, em toda palavra e conhecimento (1 Co 1.5).

Uma igreja local "boa" é plena dos dons do Espírito (1 Co 1.7).

Uma igreja local “boa” é caracterizada por ser coluna e baluarte da verdade (1 Tm 3.15).

Uma igreja local “boa” não está isenta de problemas espirituais, morais, sociais, doutrinários ou de outra ordem, mas está sendo aperfeiçoada através do trabalho dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres que compreenderam a natureza do ministério cristão, e que se dispuseram a pagar o preço do sofrimento em todas as suas múltiplas faces e formas (At 9.16; 2 Co 1.4; 12.15).

Não importa o tamanho da igreja local, sua renda, sua influência social, sua localização geográfica, sua arquitetura ou qualquer outro fator. Se tivermos a convicção de que foi o Senhor quem nos chamou para cuidar de sua Igreja, nos alegraremos na graça de Jesus, sabendo que esta é a “boa igreja”, o rebanho que está entre nós, e que nos foi confiado pelo Supremo Pastor (1 Pe 5.1-4). 

* Extraído do Blog do Pr Altair Germano

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

AS DORES DO ABANDONO



O termo “abandono” deriva-se do hebraico ‘azabh e do gregoenkataleypo, deixar, retirar, deixar de mão, deixar para trás em algum lugar.
O abandono é uma realidade da qual nenhum filho de Deus está isento de vivenciar.


O Abandono dos Amigos
Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério. Também enviei Tíquico a Éfeso. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. (2 Tm 4.9-13)
São várias as causas que provocam o abandono entre os amigos. Dentre algumas podemos citar:
- Quando somos objetos de perseguição ou rejeição por nossa postura contrária aos padrões que não se conformam com a Palavra. O medo de comprometimento, do sofrimento, da retaliação e de coisas semelhantes faz com que eles queiram distancia, e até fazem de conta que não nos conhecem.
- Quando perdemos prestígio ao sermos destituídos de cargos e honrarias. Os falsos amigos nos valorizam apenas por aquelas posições de honra que alcançamos. Há casos onde ao contrário, são os amigos que melhoram de vida e alcançam prestígio que abandonam os demais.
- Quando passamos por crises financeiras. Os falsos amigos nos valorizam por quanto temos. Atentam apenas para a possibilidade de desfrutar do dinheiro que ganhamos, do que ele pode proporcionar.
- Quando ficamos enfermos e doentes. Não são poucos os casos de amigos que nos abandonam quando adoecemos, quando temos que passar por períodos de tratamento e internamento hospitalar.
- Quando caímos em pecado, mesmo arrependidos e reconciliados. Os falsos amigos não são misericordiosos e se acham acima de qualquer possibilidade de tropeço. Se acham pessoas de primeira classe espiritual, imunes ao pecado. Na realidade não passam de hipócritas, que com o pecado alheio tentam desviar o foco de suas próprias concupiscências e pecados secretos.
O exemplo de Paulo nos ensina que as possibilidades acima existem também nas relações ministeriais, entre obreiros e líderes.
O pedido de Paulo reflete sua plena humanidade. Ele pede que Timóteo venha depressa, o que aponta para a sua necessidade de conforto, amizade verdadeira e companheirismo, principalmente em momentos de extrema adversidade, onde ficamos emocionalmente instáveis.
Quando abandonados, não devemos desesperar da vida. Em meio ao desamparo, podemos desfrutar de momentos com Deus, de crescimento através da leitura e dos estudos, e de profícua produção literária. As adversidades podem ser transformadas em oportunidades.

O Abandono da Família
A família pode nos abandonar pelos mesmos motivos que os amigos. A Bíblia é clara quando trata da responsabilidade mútua nas relações familiares:
- Quem não governa bem (cuida, administra, etc.) a sua casa, não serve para ser obreiro e líder na igreja (1 Tm 3.4-5).
- As viúvas devem ser amparadas e cuidadas pelos seus familiares (filhos ou netos), pois isso agrada ao Senhor (1 Tm 5.4).
- Quem não cuida dos seus, principalmente dos familiares, negou a fé e é pior que o infiel (1 Tm 5.8).
Na vida em família, os principais casos de abandono acontecem com os idosos. No momento em que precisam mais de amparo são largados em asilos, ou isolados em fundos de quintais. Precisamos tratar os velhos como gostaríamos de ser tratados na velhice.
Os pais devem amparar os filhos.
Os cônjuges devem cuidar um do outro.
Vivemos em família e em sociedade para promover o amparo ao próximo (Lc 10.25-37).

Deus não nos Desampara ou Abandona
O amparo divino é um tema bastante recorrente nas Escrituras:
- A misericórdia de Deus faz com que ele não desempare seus filhos, quando estes se voltam para Ele em oração, e deixam os seus pecados (Dt 4.30-31). Sua bondade e sua misericórdia em torno das alianças que em graça faz com os seus filhos, o leva a poupá-los da destruição.
- A fidelidade de Deus garante o seu amparo àqueles por Ele comissionados para fazer a sua obra (Js 1.5). Ao comissionar Josué, o sucessor de Moisés, a presença constante do Senhor seria a garantia de suas vitórias e conquistas.
- Quem conhece a Deus sabe que Ele nunca desampara os que o buscam (Sl 9.10). Conhecer a Deus implica em desfrutar de um relacionamento de amizade e intimidade com Ele.
- Quando pai e mãe nos desamparam, o Senhor nos recolhe em sua proteção (Sl 27.10)
- O reto juízo de Deus o leva a não desamparar os seus santos. Estes são preservados para sempre (Sl 37.28).
- O apóstolo Paulo tinha convicção do amparo divino diante das adversidades da vida (2 Co 4.8-9).

O Sentimento de Abandono
Apesar de termos a certeza de que Deus não nos desampara, o sentimento de desamparo ou abandono pode se apoderar de nós.
Davi, que escreveu sobre o amparo divino, teve os seus momentos de crise:
[Salmo de Davi para o cantor-mor, sobre Aijelete-Hás-Saar] Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias? (Sl 22.1)
Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente. (Sl 119.8)
Mas os meus olhos te contemplam, ó Deus, SENHOR; em ti confio; não desampares a minha alma. (Sl 41.8)
Os textos acima, longe de afirmarem a possibilidade de Deus desamparar, ou de amparar seus filhos parcialmente, são apenas demonstrações dos temores humanos.
Jesus, citando o salmo messiânico de Davi, também verbalizou o seu sentimento de desamparo, quando na cruz morria por causa dos nossos pecados:
E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt 27.46)
Podemos nos sentir desamparados ou abandonados pelo Pai celestial, mas é apenas sentimento. O seu silêncio e a sua aparente falta de ação não são sinais de descaso ou de abandono. Nem sempre percebemos, mas podemos ter a certeza, e isso com base em sua Palavra, de que Ele trabalha para aquele que nele espera (Is 64.4).
Não vivemos por aquilo que sentimos, mas por aquilo que o Pai diz. Sua palavra é a verdade (Jo 17.17). Creia que você está debaixo do seu amparo e dos seus cuidados!

*extraído do blog do Pr Altair Germano

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A LIDERANÇA EVANGÉLICA BRASILEIRA E A AREIA MOVEDIÇA DA POLÍTICA SECULAR


O envolvimento direto de pastores e outros líderes com a política secular, atividade no Brasil marcada pela corrupção, pela trapaça, pela traição e outros males, é como cair em areia movediça, ou seja, quanto mais ativismo, mais se afunda, e quando se consegue sair, geralmente sai sujo, manchado e marcado.

Dessa maneira, na grande maioria dos casos, o melhor a fazer é não se envolver, nem envolver a igreja, que na maioria das vezes é contra tal envolvimento, mas não é ouvida, nem considerada.

A política secular na igreja divide pastores, líderes e membros, promovendo facções, porfias, inimizades e partidarismo.

A política secular não apenas divide, mas une também. As uniões são as mais bizarras possíveis, ao ponto de inimigos políticos se aliarem. As ideologias caem por terra, os valores são pisados, as contradições são escandalosas.

Só quem de fato não quer ver, é que não perceber isso.

Sinceramente, não consigo acreditar no que contemplo a cada pleito, e na repetição cada vez mais grave dos mesmos erros.

Nobres pastores e amigos, em nome de Jesus, façam o que o Senhor da Igreja vos chamou a fazer. Cuidem do rebanho, e não se envolvam com aquilo que não edifica.

Cuidado com a areia movediça da política secular.

A igreja está olhando para nós!

*extraído do Blog do Pr Altair Germano