sábado, 24 de janeiro de 2015

Outra campanha? Não aguento mais!!!!

É triste ver cada vez mais algumas "igrejas" se rendendo ao pragmatismo religioso com suas intermináveis "campanhas". É campanha da restituição, campanha da vitória, campanha da libertação, etc. Termina uma começa outra, são intermináveis. 


Essas ditas "campanhas" são pragmáticas, pois infelizmente seus objetivos são:

1. Encher templos e arrecadar dinheiro.

2. Dar esperança para o povo receber o que quer: cura, dinheiro, casa, carro, estabilidade financeira, emocional, familiar, etc.

Alguém poderia questionar dizendo: mas isso não é bom, Pastor? Para ser franco eu digo não e explico:

Primeiro, todos queremos ver a igreja cheia, mas será que todos que comparecem a essas ditas "campanhas" são pessoas que vieram para cultuar a Deus? Vieram para O adorar pelo que Ele é ou pelo que Ele pode dar? Estão atraídas por Cristo ou por interesse próprio? Infelizmente, estamos com igrejas cheias de pessoas atrás de bençãos e vazias de seguidores de Cristo (Mt 16.24; 6.31-33);

Segundo, no pragmatismo as pessoas são avaliadas pelo que elas tem e não pelo que elas são. Muitos líderes pressionados pelo sistema, precisam cumprir metas (financeiras). Igrejas e pessoas, com exceções, são vistas como negócios e não como almas que precisam de redenção. E isso leva a um "vale tudo" para arrecadar dinheiro, sob pena, de ser visto como um líder sem fé, sem sucesso ou até mesmo de perder sua posição e a liderança... que triste cenário, porém o que vale são os resultados, ou seja, os fins justificam os meios, portanto, muitos aderiram as famosas "campanhas" que tanto agradam com promessas como dão retorno financeiro (II Pd 2.3; I Tm 6.10; Ec 5.10);

Terceiro, a maioria das pessoas entram em campanhas e saem de campanhas e nada acontece, ou seja, aquilo que a dita "campanha" prometia, como restituição, vitória financeira, saúde, estabilidade, salvação de familiares muitas vezes não acontecem. Não porque Deus é o culpado, mas porque não levamos em conta a soberania dos propósitos de Deus. A pergunta é... E Deus quer o que eu quero? E a vontade de Deus? E seus propósitos? E se Ele quer me provar num determinado tempo para um determinado propósito? Portanto nem sempre quando e como eu quero vai acontecer, mas devemos estar submissos a vontade de Deus (I Jo 5.14; Tg 4.3; Mt 26.42).

É importante levar em conta que muitos procuram a igreja baseado apenas nessas "promessas" e quando elas não acontecem se desviam e se frustram, pois não vieram arrependidos dos seus pecados, mas atraídos pelo desejo de um cura, um milagre, uma estabilidade financeira, etc.

E como fica então aqueles que prometeram e tanto anunciaram as ditas campanhas? É simples, basta dizer que a culpa é do "povo", pois não tiveram fé suficiente para receberem. Fácil não? Problema resolvido.

Vale a pena ressaltar também que as ditas campanhas levam a uma liturgia antropocêntrica, ou seja, um culto voltado para o homem e suas necessidades, quando o correto é levar o povo a um culto Teocêntrico, ou Cristocêntrico, onde o centro é Deus e não o homem. Quando eu digo que tal dia haverá o culto da restituição, ou libertação, ou vitória financeira, etc, esse culto é para Deus ou para o Homem? Na verdade é para o homem. Culto é serviço de adoração a Deus e adorar a Deus é se esquecer de nós mesmos, renunciar a si mesmo e exaltar a Deus, seus atributos, sua obra, sua redenção, sua glória, etc. O maravilhoso é que quando colocamos Deus em primazia, Ele nunca se esquece de nós. Aleluia!

Que saudade quando a igreja era simples, tinha uma liturgia simples, pregava um Evangelho simples. Jesus curava, salvava e abençoava todos os cultos, não era preciso marcar dia, nem hora específica para alcançar uma benção. 

Todos os Cristãos se reuniam com o único propósito de adorar a Deus; e Ele por sua bondade quando queria e pra quem queria derramava suas ricas bençãos.

Os lideres eram avaliados pela sua postura, conduta, fé e vida de oração e não pela capacidade de ajuntar povo e arrecadar dinheiro.

Na igreja se amava as pessoas e usavam as coisas, porém hoje, salvo exceções, se amam as coisas e usam as pessoas. 

Não existiam tantas pessoas influentes e ricas na igreja, é verdade; mas as que lá estavam eram ricas da presença de Deus, cheias de temor e do Espírito Santo.

As únicas campanhas que existiam eram as campanhas de oração, mas de oração mesmo, joelho dobrado e clamando a Deus o tempo todo da reunião, quando muito se lia ao final um trecho das Escrituras para o encerramento.

Quero encerrar com algumas perguntas: Será que não é tempo de voltarmos a simplicidade do evangelho? Será que não é tempo de resgatarmos o culto Cristocêntrico? Será que não é tempo de arrependimento e renúncia e invocarmos o Nome do Senhor enquanto Ele está perto?

Que Deus nos abençoe e que possamos refletir sobre o assunto.


Pr Pedro Pereira

sábado, 17 de janeiro de 2015

SOLDADO FERIDO


De forma análoga a figura do soldado retrata, no mundo cristão, o crente em Cristo. Tal qual o soldado em uma guerra, assim também é o crente em meio as guerras espirituais.



Assim como um soldado está sujeito a se ferir em combate, o crente “soldado” também pode se ferir em meio as lutas e ataques do mundo espiritual. 

O que me surpreende não são as feridas, os arranhões, os machucados inerentes a uma batalha, mas a indiferença. 


Enquanto no mundo militar os soldados são treinados e praticam a ajuda mútua, ou seja, um soldado não abandona seu companheiro de farda nas mãos do inimigo, mas de todas as formas tenta resgatá-lo quando ferido, nem que para isso atrase a marcha de todos, atrase os planos de ataque, etc. O que importa é salvar seu amigo, seu companheiro de farda e levá-lo a um lugar seguro, longe das garras do inimigo. E ainda que o ferido soldado seja preso pelo inimigo, o batalhão ou companhia a que pertence, tem o dever de ofício de enviar um pelotão de resgate, soldados preparados e treinados para o resgate, mesmo que seja necessário entrar em solo inimigo, mesmo que tenha que entrar no acampamento inimigo, mesmo correndo o risco de serem presos e até mortos, se for preciso, o importante é resgatar seu amigo de farda, que ferido está nas mão do inimigo. 


Sem querer generalizar, fica a pergunta: Porque, no mundo cristão, quando um soldado se fere ou é preso em batalha não há esforço necessário para resgatá-lo? Numa guerra todos estão sujeitos a serem feridos. Do General ao Soldado raso, figurativamente, do Pastor ao crente mais novo convertido da igreja. 

Sabemos que as feridas mudam a rotina do soldado, ele começa a andar com dificuldade, tem dor, não tem a mesma eficácia e destreza de quando estava saudável. Na verdade precisa de ajuda, precisa ser carregado, precisa de atenção e cuidados, precisa ser levado a lugar seguro, precisa de médico e remédios. 

Mas, em meio a um cristianismo deturpado, onde o que importa são os resultados, onde infelizmente, se amam as coisas e usam as pessoas, onde construir é mais importante que alimentar um necessitado; o que contrapõem aos ensinamentos de Cristo; é mais fácil abandoná-lo, deixá-lo para trás, com o pretexto de que ele está atrapalhando o avanço do “pelotão”(comunidade evangélica), de que ele agora é um estorvo, de que ele foi descuidado agora o problema é dele.

Mas, no mundo militar, a ética e o dever de ofício, o companheirismo, o espírito de unidade falam mais alto, pois um soldado não abandona seu irmão de farda. Aquele que salva seu amigo, no mundo militar, deixou de apenas cumprir seu dever, mas se tornou um herói. 

Cadê os heróis da igreja? Cadê os heróis do ministério? Cadê os que deixam de fazer apenas o seu dever e se arriscam para salvar seu companheiro de batalha, seu irmão de fé.

Numa guerra soldados se ferem com tiros, minas, bombas, ataques aéreos, etc. Porém, no mundo cristão os soldados se ferem com palavras, atitudes, decepções, frustrações, cansaço espiritual, descuido, fofocas, falsas profecias, traições, enfermidades, excesso de problemas financeiros, familiares, etc.

Um crente ferido não produz como antes, não avança nem anda como antes, não canta nem prega como antes, se afasta, se retira, se frustra, se amargura. Precisam de ajuda, precisa de companheiros, de irmãos dispostos a resgatá-lo. 

A ajuda em oração é essencial, mas a ajuda presencial também é muito importante. O ferido precisa ouvir palavras de incentivo, de ânimo, precisa, às vezes, ser carregado por um tempo, precisa ainda do calor humano, do amor cristão. 

É necessário paciência com o ferido, ele sente dor, não tem a habilidade e capacidade que tinha quando saudável. É preciso esperar que seja sarado primeiro. Quanto ao tempo da cura vai depender do estrago, do machucado, de onde foi atingido, etc... Mas, com o cuidado certo, o remédio certo, a cirurgia certa, voltará a ser como era e por isso a paciência é necessária.

Porém, o que vemos são soldados feridos morrendo por indiferença da liderança e dos irmãos. É mais fácil ignorá-los, é mais fácil tachá-los de rebelde, de pecador, de desviado, ou coisa parecida. De soldados feridos se tornam “desigrejados”, pois sem apoio se decepcionam com o sistema e desertam para morrer sozinhos.

Só não devemos nos esquecemos de que todos nós estamos sujeitos a sermos feridos na guerra, inclusive líderes que mais parecem “super-homens” do que cristãos pela graça de Deus.

Aprendemos sistematicamente o dever de amar, ajudar, suportar, mas na prática somos indiferentes e apáticos com o sofrimento alheio. E o mais estranho é que muitos já passaram por situações semelhantes, mas quando outra pessoa passa falta a empatia, não há esforço para ajuda da nossa parte, senão um “chavão”: “vamos orar por ele ou por ela”. Porém de prático nada fazemos.

Quero terminar esse pensamento com as palavras do grande Mestre e General, Jesus Cristo, registrado no livro de Mateus, pois de nada vale sermos religiosos e não praticarmos o verdadeiro cristianismo:

Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mateus 25:41-46).

Pr Pedro Pereira