sábado, 30 de junho de 2012

SOLA GRATIA

SOLA GRATIA: Só a Graça

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie". Efésios 2:8-9 


A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. 

Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. 

Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas. 

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora. 

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça

A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. 

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

A graça de Deus é a expressão do Seu amor para com os homens. É por ela que podemos viver e expressar a Sua imagem em nós. É por ela também que todo homem pode ser salvo, crendo em Jesus Cristo. Assim, não há mérito humano, mas iniciativa e ação divina que é aceita por fé

Aqueles que resistem à ação desta graça não têm nenhuma esperança, pois à parte dela não há possibilidade de salvação. Nenhuma obra humana pode salvá-lo, mas somente a graça divina.


Com isso podemos afirmar que é pura heresia o que algumas vezes somos obrigados a ouvir, como por exemplo: "dá o dizimo que você não vai ficar doente, não vai gastar com farmácia, se você pagar o dízimo vai ter isso e aquilo, etc".


Só lembrando tudo o que temos e recebemos é pela e tão somente graça de Deus. Essa teologia da barganha é anti bíblica e fere a doutrina da graça de Deus. todo ato ou obra meritória de nossa parte é insuficiente para Deus. O senhor nos abençoa não porque merecemos ou porque fizemos algo importante, mas simplesmente porque Ele é bom e sua graça é infinita.


Ofertas e dízimos se dão por gratidão daquilo que Ele já nos deu, e nunca como objeto de barganha com Deus. Que Deus nos abençõe.


Te agradeço oh! Deus pela sua infinita e imensurável graça.


Termino com as palavras de Davi: "Que darei eu ao SENHOR, por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do SENHOR". Salmos 116:12-13. Sola Gratia, ou seja só a graça de Deus.


Pr Pedro Pereira

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O OBREIRO E A SANTIFICAÇÃO

O OBREIRO, A SANTIFICAÇÃO E O ESPÍRITO SANTO
A relação entre a santificação e o Espírito Santo na vida dos obreiros/líderes é algo claro nas Escrituras. Desde o Antigo Testamento a presença do Espírito na vida da liderança do povo de Deus é fator fundamental para o sucesso no fazer e no ser do obreiro. Observemos alguns exemplos:
Depois, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor. (Ex 31.1-5)
Então, eu descerei, e ali falarei contigo, e tirarei do Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu sozinho o não leves. (Nm 11.17)
Então, disse o SENHOR a Moisés: Toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele.(Nm 27.18)
Então, o Espírito do SENHOR revestiu a Gideão, o qual tocou a buzina, e os abiezritas se ajuntaram após ele. (Jz 6.34)
Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi. Então, Samuel se levantou e se tornou a Ramá. (1 Sm 16.13)
E o Espírito de Deus revestiu a Zacarias, filho do sacerdote Joiada, o qual se pôs em pé acima do povo e lhes disse: Assim diz Deus: Por que transgredis os mandamentos do SENHOR? Portanto, não prosperareis; porque deixastes o SENHOR, também ele vos deixará. (2 Cr 24.20)
Além de todos esses exemplos, que apontam para a capacitação do Espírito na realização de coisas, temos de maneira figurada a necessidade do Espírito na vida de obreiros/líderes em sua função santificadora (separação para, separação de):
Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Toma a Arão, e a seus filhos com ele, e as vestes, e o azeite da unção, como também o novilho da expiação do pecado, e os dois carneiros, e o cesto dos pães asmos e ajunta toda a congregação à porta da tenda da congregação. Fez, pois, Moisés como o SENHOR lhe ordenara, e a congregação ajuntou-se à porta da tenda da congregação. Então, disse Moisés à congregação: Isto é o que o SENHOR ordenou que se fizesse. E Moisés fez chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água, e lhe vestiu a túnica, e cingiu-o com o cinto, e pôs sobre ele o manto; também pôs sobre ele o éfode, e cingiu-o com o cinto lavrado do éfode, e o apertou com ele. [...]Tomou Moisés também do azeite da unção e do sangue que estava sobre o altar e o espargiu sobre Arão, e sobre as suas vestes, e sobre os seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; e santificou a Arão, e as suas vestes, e seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele. (Lv 8.1-7, 30)
Podemos observar na consagração de Arão e seus filhos alguns elementos que apontam para a santificação, como, por exemplo, a água (símbolo do Espírito e da Palavra) e o sangue (agente purificados). A unção com óleo (símbolo do Espírito) não simboliza apenas a capacitação para o serviço, mas, fala-nos também da ação santificadora do Espírito (separando para, separando de), verdade essa confirmada no Novo Testamento:
Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade, (2 Ts 2.13)
Sem o Espírito Santo presente e agindo em sua vida, o obreiro não consegue alcançar os níveis de santidade exigidos para que sirva de modelo ou referencial moral para o rebanho. Por isso, é necessário que na condição de obreiros e líderes:
- Sejamos regenerados pelo Espírito (Jo 3.3-8). Títulos ou posições honrosas sem a regeneração do Espírito não nos credenciam para o Reino de Deus, nem para sermos obreiros no Reino. É necessário nascer de novo.
- Sejamos habitados pelo Espírito (Jo 20.21-22; Rm 8.7-9). A habitação do Espírito é consequência direta da regeneração do Espírito. O Espírito habita na vida dos regenerados, daqueles que experienciaram o novo nascimento.
- Sejamos batizados com o Espírito (Lc 24.49; At 1.5, 8; 2.1-4, 32-33, 38-39). O revestimento de poder outorgado pelo Espírito é fundamental para que desempenhemos o nosso ministério de forma plena, fazendo com excelência e na unção do Espírito a obra de Deus.
- Sejamos guiados (gr. ágo, levados e trazidos, conduzidos, carregados) pelo Espírito (At 10.19-23; At 13.1-4; 15.28; 16.6-11; Gl 5.18). O Espírito precisa voltar a dirigir o nosso ministério, o lugar onde Deus deseja que façamos a sua obra, as nossas decisões, os nossos projetos pessoais e ministeriais.
- Sejamos inclinados (gr. phronéo), ou seja, uma disposição mental, vontade, sentimento e intelecto voltados para as coisas do Espírito (Rm 8.5-6). Sempre haverá uma constante tensão entre a inclinação da carne e do Espírito. A santificação será uma realidade na medida em que a inclinação do Espírito superar a inclinação da carne (baixos instintos da natureza humana, concupiscências, desejos ilícitos e impuros).
- Sejamos cheios do Espírito (At 6.3; 9.15-17; Ef 5.18). Ser cheio do Espírito é fundamental para uma vida de santificação. O verbo grego se encontra no tempo perfeito (ação constante), na voz passiva (ação sofrida) e no modo imperativo (ação ordenada). Estando cheios do Espírito não nos embriagaremos com o vinho do poder eclesiástico ou secular, dos privilégios, das vantagens, da ganância, da fama, da notoriedade, do status, dos cargos, da política eclesiástica suja, do profissionalismo ministerial, da avareza, da relativização dos valores morais, das heresias doutrinárias, dos modismos teológicos.
A presença e o poder do Espírito Santo na vida do obreiro não o habilita e o capacita apenas para realizar coisas para Deus, é também habilitação e capacitação para viver para a glória de Deus em santificação (separação do mal espiritual e moral).

* extraído do blog do Pr Altair Germano

sábado, 23 de junho de 2012

SOLO CHRISTUS: Só Jesus Cristo

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão. 

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. 

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada. 

Nossos cultos tem se tornado declaradamente antropocêntrico, ou seja, o centro é o homem e não Cristo. 

Os Louvores e pregações se limitam as necessidades do homem, não há destaque em Jesus Cristo, como Deus deve ser admirado, adorado, reverenciado pelo que Ele é, ou seja, pela sua onipotência, Onisciência, Onipresença, imutabilidade, soberania, Glória e sacrifício vicário. Mas quando Cristo aparece no cenário dos louvores e pregações  hodiernas se limita a um "garçom" dos homens, enquanto o homem "determina" vitórias, Jesus vai servindo seus "clientes exigentes", que cada vez querem mais dinheiro, mais status, mais carros novos, mais casas luxuosas, etc.

Repudio esse "evangelho" mercantilista, pragmático e cheio de sincretismo. Repudio esse "evangelho" em que Cristo já não é o centro do nosso culto, da nossa adoração, da nossa vida. 

Vivemos em tempos que se cumpre verdadeiramente o que Cristo disse: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade". Mt 7.21-23.

Nossos cultos estão eivados de auto-ajuda, mas carente de ajuda do alto. Precisamos rever nossos conceitos e voltarmos aos princípios da reforma e declararmos Só Cristo (solo Christus). Amém.

Pr Pedro Pereira



sábado, 9 de junho de 2012

Ecumenismo religioso: uma armadilha do Diabo

Houve um tempo em que o ecumenismo religioso era considerado um grande perigo para as igrejas cristãs. Pastores verberavam contra ele. E qualquer comunhão ecumênica entre evangélicos, católicos romanos e espíritas era inimaginável. Mas os tempos mudaram. Hoje, o relacionamento entre padres galãs e celebridades gospel é tão bom que estas até fornecem suas composições àqueles. Certa cantora gospel, inclusive, fez uma canção dedicada a Maria. Juntos, romanistas e evangélicos participam de shows ecumênicos e programas de auditório. “O que nos une é muito maior do que o que nos divide”, argumentam.

O ecumenismo — gr. oikoumenikós, “aberto para o mundo inteiro” — prega a tolerância à diversidade religiosa e a oposição a quem defende uma verdade exclusiva. Trata-se de uma armadilha de Satanás, com o objetivo de calar os pregadores da Palavra de Deus. Ele se baseia no princípio “democrático” de que cada pessoa possui a sua verdade. Mas o Senhor asseverou que não existe unidade motivada pelo amor divorciada da verdade da Palavra: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. [...] Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14.15-24). 

Causa estranheza o fato de uma parte do evangelicalismo moderno considerar o ecumenismo religioso biblicamente aceitável. Já ouço pastores dizendo: “A doutrina bíblica divide. É o amor que nos une. A igreja deve ser inclusiva”. A despeito de o Senhor Jesus ter afirmado: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6), está crescendo no meio evangélico a simpatia pelo movimento ecumênico. Nos Estados Unidos, pastores renomados deixaram de falar de Jesus com clareza. Pregam sobre Deus de maneira generalizante, a fim de não ofenderem romanistas, muçulmanos, budistas etc. E, no Brasil, alguns acontecimentos têm preocupado aqueles que ainda preservam a sã doutrina. 

Recentemente, um conhecido pastor realizou — dentro de um templo evangélico! — um culto ecumênico juntamente com a liderança da Igreja da Unificação, do “reverendo” coreano Sun Myung Moon. “Qual é o problema de um pastor de renome ter amizade com o líder de uma seita? Afinal, todos devem se unir pela paz mundial”, alguém poderá dizer. Não devemos, de fato, odiar o “reverendo” Moon. Mas, como ter comunhão com alguém que, de modo blasfemo, desdenha do sangue derramado pelo Cordeiro de Deus, considerando-o insuficiente para nos purificar de todo o pecado? Moon também se considera um novo Messias que precisou vir ao mundo para concluir a obra que o Senhor não conseguiu realizar. Que blasfêmia! A Palavra de Deus não aprova esse tipo de aliança (2Co 6.14-18). 

Outro exemplo de ecumenismo religioso é o envolvimento de pastores com o unicismo, uma seita que diz ter a “voz da verdade” e vem tendo livre acesso, através de suas celebridades, às igrejas evangélicas. O pentecostalismo da unicidade é herético, visto que se opõe à doutrina da Trindade, a base das principais doutrinas cristãs. Quem se opõe à tripessoalidade divina (confundindo-a com o triteísmo) nega não apenas a teologia, mas também a própria Bíblia (Gn 1.26 e Jo 14.23), o cristianismo (Mt 28.19 e 2Co 13.13), a deidade do Espírito Santo (Jo 14.16-17 e 16.7-10), a clara distinção entre o Pai e o Filho (Jo 5.19-47 e 14.1-16) e o plano da redenção da humanidade (Jo 3.16 e 17.4-5). Atentemos para a verdadeira voz da verdade, a do Bom Pastor: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10.17). 

Pastores e cantores, por falta de vigilância ou movidos por interesses pessoais, estão se prendendo a jugos desiguais com os infiéis, deixando-se enganar pelo ecumenismo religioso. A maior emissora de televisão do Brasil — que sempre estereotipou e ridicularizou os evangélicos — descobriu que nem todos os cristãos são “extremistas” e “fanáticos”. Há um grupo de celebridades gospel que não tem coragem de dizer clara e objetivamente que o Senhor Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5 e At 4.12). 

Em um programa dominical, certa “pastora” resolveu tripudiar sobre os seus “inimigos”, rodopiando com baianas e cantando com sambistas no ritmo das religiões afro-brasileiras. Enquanto ela dançava, a apresentadora, seus convidados e a plateia riam sem parar, numa grande celebração. Que tipo de evangelho “agradável” e “inclusivo” é esse? Lembrei-me imediatamente do que o Senhor Jesus disse, em Mateus 5.11-12: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas por minha causa”. 

Há poucos dias, uma conhecida cantora gospel admitiu, de modo tácito, que o sincretismo religioso é aceitável. Ao concordar com a seguinte frase, dita por um famoso apresentador: “O Caldeirão é uma mistura de religiões”, ela respondeu: “Tem espaço pra todo mundo”. E o pior: depois, escreveu nas redes sociais que se sentiu como Paulo no Areópago... Ora, esse apóstolo não pregou a convivência ecumênica nem apresentou uma mensagem que os atenienses queriam ouvir. Ele disse o que todos precisavam ouvir. Ao chegar a Atenas, “o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria” (At 17.16). Já a aludida celebridade, deslumbrada, estava sorridente e saltitante. 

Tenho visto muitos incautos felizes pelo fato de celebridades gospel estarem aparecendo na televisão. Mas não nos iludamos, pois a porta não foi aberta para o Evangelho. O que existe, na verdade, é um projeto ecumênico em andamento, o qual visa a enfraquecer a pregação de que o Senhor Jesus é o único Salvador. Tais celebridades — certamente, orientadas a não falar claramente da salvação em Cristo — têm empregado bordões antropocêntricos, que massageiam o ego das pessoas. Elas não têm a coragem de confrontar o pecado. E apresentam um evangelho light, agradável, apaziguador, simpático, suave, aberto ao ecumenismo. 

O que está escrito em 1Coríntios 16.9? “Porque uma porta grande e eficaz se me abriu, e há muitos adversários”. Quando Deus verdadeiramente abre-nos a porta da pregação do Evangelho, como a abriu para o apóstolo Paulo, os adversários — Satanás, os demônios e todos os seus emissários — se voltam contra nós. Mas a mídia está aplaudindo de pé esse “outro evangelho” aberto à convivência ecumênica. Preguemos, pois, como Paulo, nesse mundo, que é um grande caldeirão religioso: “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (At 17.30). 

Pr Ciro Sanches Zibordi 

* extraído do Blog do Pr Ciro

sexta-feira, 8 de junho de 2012

SOLA SCRIPTURA

Só a Escritura (sola Scriptura)

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes têm mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento. 

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja. 

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado. 

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade. 

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. 

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

Sola Scriptura. Pr Pedro Pereira

quinta-feira, 7 de junho de 2012

BARGANHAR COM DEUS É BÍBLICO?

“Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?”(Sl 116.12 ) 

Um dos mais sérios erros dos defensores da “teologia da prosperidade” é orientar seus seguidores a barganharem com Deus, como se uma oferta ou um dízimo fosse o suficiente para que Deus se tornasse nosso devedor. Muitos têm tratado estas e demais contribuições como “investimentos”, como um “toma-lá-dá-cá”, como se Deus se prendesse a gestos feitos pelos homens. Deus tem compromisso com a Sua Palavra, portanto nada disso é previsto nas Escrituras como um laço que obrigue Deus a enriquecer quem quer que seja. Na verdade, nossas contribuições financeiras (sejam elas ofertas ou dízimos) são um reconhecimento de que já fomos abençoados por Deus. Paulo deixa claro que Deus não deve nada a ninguém (cf Rm 11:34-36). A pergunta de Paulo continua válida em nossos dias: “quem deu primeiro a Ele para que depois possa ser retribuído?”. Nós contribuímos financeiramente porque recebemos do Senhor primeiro, e não o contrário. Precisamos entender que ninguém dá a Deus antes, para depois ser retribuído. 
Muitos, por estarem interessados apenas em milagres, curas e prosperidade material, já não buscam a Deus pelo que Ele é. Na verdade, não querem conhecer a Deus, mas somente barganhar com o Senhor. São condenáveis os “sacrifícios”, os “carnês” e toda e qualquer espécie de contribuição financeira que é dada com o intuito de estabelecer uma barganha com Deus. Certamente, essas pessoas estão incorrendo num grande perigo: a perdição eterna. Deus nos concede suas bênçãos não porque tenhamos algum poder de barganha, mas porque Ele nos ama e quer aprofundar o seu relacionamento conosco. 


A BARGANHA NA BÍBLIA 



No Antigo Testamento. 


Um exemplo clássico de barganha no Antigo Testamento é o caso de Jacó. Fazer um voto era um meio de barganha, de troca entre os homens e a divindade, um “toma-lá-dá-cá“. Esta era uma demonstração da cultura gentílica. E esta ideia de barganha entre o homem e a divindade está por trás do primeiro voto mencionado na Bíblia, que foi o voto de Jacó, feito quando de sua fuga para Harã: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus; e, de tudo quanto me deres certamente te darei o dízimo”(Gn 28:20-22). 

Vemos neste voto de Jacó a ideia de “barganha” com Deus, algo que jamais se aprovou nas Escrituras, mas que, infelizmente, está por detrás da grande e esmagadora maioria dos votos que se fazem hoje na Igreja. 

Jacó agiu sob a influência cultural gentílica, não tinha ainda uma experiência com Deus e pensou que o Senhor pudesse ser “comprado” com um voto. Na verdade, Jacó barganhou por menos que o Senhor lhe havia prometido (cf Gn 28:14). Sua fé ainda não era forte o suficiente para levar Deus a sério, de modo que Jacó condicionou o pagamento do dízimo ao cumprimento das promessas do Senhor. Deus, efetivamente, abençoou a Jacó, mas não foi por causa do voto que Jacó lhe fez, e sim, por causa da fidelidade do Senhor às promessas que havia feito a Abraão e a Isaque, promessas que, aliás, haviam sido renovadas, no sonho, pelo próprio Deus a Jacó (Gn 28:13-15). 

O voto, enquanto barganha, enquanto “troca de favores”, é, portanto, algo que se encontra totalmente fora de cogitação no relacionamento entre Deus e os homens, ante a constatação de que Deus é soberano e que ao homem cabe apenas submeter-se a este Deus Todo-Poderoso. 

Mas, se o voto não é barganha, o que é então? O voto é manifestação voluntária, ou seja, a declaração de vontade de alguém que é dirigida a Deus, um Deus que fez o homem com o direito de fazer escolhas e de expressar livremente a sua vontade. Todavia, qualquer ideia de barganha é infrutífera. 

Deus, que é único, que é soberano e a quem pertence toda a Terra e tudo que nela há (Sl 24:1;1Co 10:26), não é “comprável” com presentes. Aliás, abomina os que se deixam levar por presentes (2Cr 19:7; Is 45:13). Se Deus é soberano, se tem o controle de todas as coisas, por que haveria de se vender a um ser humano por causa de um “voto”, de uma “promessa”? 

No Novo Testamento. 

Um exemplo clássico de barganha no Novo Testamento é o caso de Simão, o mago, que ofereceu dinheiro a Pedro e a João em troca da capacidade de se conceder o batismo com o Espírito Santo (At 8:18-21). 

Simão, o mágico, ficou extremamente impressionado com o fato de o Espírito Santo ter sido concedido quando os apóstolos impuseram as mãos sobre os samaritanos. Desprovido de qualquer entendimento acerca das implicações espirituais desse acontecimento, Simão o considerou apenas uma demonstração de poder sobrenatural que lhe poderia ser útil em sua ocupação. Assim, ofereceu dinheiro aos apóstolos em troca desse poder. Esse ato insano de barganhar com Deus foi rispidamente repreendido pelo apóstolo Pedro: ” O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”. A resposta de Pedro indica que Simão não era um homem convertido: 

a) O teu dinheiro seja contigo para perdição. Nenhum cristão verdadeiro será entregue à perdição (João 3:16). 

b) Não tens parte nem sorte neste ministério. Em outras palavras, não fazia parte da comunhão dos santos. 

c) O teu coração não é reto diante de Deus. Uma descrição apropriada para uma pessoa que não é salva e que quer barganhar com Deus. 

d) Estás em fel de amargura e laço de iniquidade. Palavras como essas não poderiam ser usadas para uma pessoa regenerada. 

O nome “Simão” deu origem à palavra moderna “simonia“, a tentativa de comercializar coisas sagradas. A “simonia” inclui a venda de todas as formas de comercio relacionadas a questões divinas. Hoje, é aplicada aos mercadores da fé, que oferecem as bênçãos divinas mediante o pagamento de certa quantia em dinheiro. O apóstolo Paulo via, com muita tristeza, o crescimento dessa tendência mercadológica; para combatê-la, usou uma palavra cujo sentido é “falsificar ou mercadejar a Palavra de Deus”. Isso envolve práticas de “simonia” e adulteração da Palavra de Deus; é transformar o cristianismo numa prática comercial, visando apenas interesses pessoais. 

Atualmente, uma das práticas que caracterizam a “simonia” é a da falaciosa “restituição“. Esta prática ficou popularizada no cântico cujo refrão é “Restitui… eu quero de volta o que é meu”. Esta prática é, também, uma fonte de dinheiro para muitos inescrupulosos que, através de “campanhas de restituição”, têm levado multidões a “exigir de Deus o que foi tomado, o que é meu” e, além de lhes causar a abominação do Senhor, ainda por cima acabam tomando o que havia ficado, por meio de ofertas e “sacrifícios”, habilmente solicitados nestas mesmas campanhas. Irmão e amigos, nós não temos direito a nada! A própria expressão bíblica exarada em Romanos 3:23 já diz tudo: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”Rm 3:23). O salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Somos salvos pela graça(Ef 2:8). Tudo que temos é por causa da graça de Deus. Exigir de Deus algo que não merecemos é um acinte ao nome preciso do Senhor. 

Ainda há aqueles que, induzidos por certos pregadores (pregadores?), que desprezando a soberania divina, passam a determinar seus “direitos” e a decretar suas “posses” como se o Senhor lhes fosse um mero empregado. Isto é falta de reverencia e temor a Deus. 

Portanto amados irmãos, não podemos compactuar com estas práticas de “restituição” e de tudo o que envolva esta idéia, pois ela é pura e simplesmente manifestação de rebelião contra Deus. Como sabemos,“… a rebelião é como o pecado de feitiçaria… (1Sm 15:23). Que Deus nos guarde, pois os feiticeiros e os idólatras ficarão do lado de fora da cidade santa (cf. Ap 21:8; 22:15). 

Ao acharmos que algo é “nosso”, que deve ser devolvido, estamos afirmando uma ilusória independência do homem em relação a Deus, exatamente o que fez o primeiro casal pecar e perder a comunhão com o Senhor. Ao invés de “querer de volta o que é nosso”, devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que foi expresso pelo apóstolo Paulo numa das suas frases lapidares: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20). 


As Escrituras condenam a barganha. 


Por tudo que vimos nos dois itens anteriores, está claro que as Escrituras condenam a barganha com Deus. A verdadeira prosperidade do povo de Deus como é ensinada na Bíblia não é barganha com Deus, uma troca com Deus, eu dou 10 para receber 20, não. Infelizmente, muitos estão indo atrás de Jesus não porque queiram ter vida eterna, mas apenas para obter estas vantagens, que, a cada dia que passa, o sistema econômico lhes vai negando. Querem não servir a Jesus, mas, sim, se servir de Jesus e é precisamente esta a mensagem antropocêntrica da “teologia da prosperidade”. Estas pessoas, como diz o apóstolo Paulo, são as mais miseráveis criaturas humanas da face da Terra (1Co 15:19), porque, sabendo quem é Jesus e o que veio fazer neste mundo, querem apenas dele se servir para terem bens e tesouros que nada lhes representará na eternidade. São pessoas que, infelizmente, não seguem a doutrina de Cristo que, tão explicitamente exposta no sermão do monte, nos manda ajuntar tesouros no céu e não na terra, pois onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração (Mt 6:19-21). 


PRESSUPOSTOS DA “TEOLOGIA DA BARGANHA” 


A falsa doutrina do direito legal. 

A “teologia da barganha” tem como pressuposto a doutrina do “direito legal” do crente. Esta falsa doutrina tem como mentor Essek William Kenyon. Para ele, Deus ao instituir o homem como seu mordomo, deu “direitos legais” ao homem, que foram, com a queda, transferidos a Satanás que, “legalmente”, hoje domina a terra e a criação terrena. Para ser mais explícito, Kenyon quis dizer que a queda do homem foi um ato legal, isto é, Adão tinha o direito legal de transferir a autoridade e o domínio que Deus tinha posto em suas mãos para as mãos de um outro. Isto dá a Satanás o “direito legal” de ditar regras ao homem e à criação. Isto quer dizer que Satanás faz parte da redenção do ser humano (cic). A redenção seria uma fórmula pela qual Deus toma esses “direitos” de Satanás, livrando o homem do seu domínio. É esta a ideia-mestra de todas as “determinações”, “declarações” e “exigências” que caracterizam os “pregadores do positivismo”. 

No entanto, tal pensamento não tem o menor respaldo bíblico. Deus nunca deixou de ser o Ser Soberano, o Ser Supremo. Quando a Bíblia nos diz que o homem foi constituído como ser que dominaria sobre as demais criaturas terrenas (cf. Gn 1:26-28), tal deve ser compreendido dentro do princípio de que o homem é “imagem e semelhança de Deus”, ou seja, de que jamais o homem teria “direitos legais” diante de Deus, mas o homem foi feito um “mordomo”, ou seja, um servo que era superior às demais criaturas divinas, mas que não deixava de ser servo, tanto que, ao conscientizar o homem de que ele era “livre”, Deus o fez por meio de uma ordem (cf. Gn 2:16,17), deixando bem claro quem era a autoridade, quem mandava e quem deveria obedecer. 


A prática do determinismo. 


Esse é um dos pressupostos usuais da “teologia da barganha”. A falaciosa “doutrina do determinismo” insinua, dentre outras aberrações “teológicas”, que não é mais preciso orar, e sim apenas “determinar”. 

Para os seguidores desta prática vergonhosa não se deve orar a Deus rogando a Ele que faça “segundo a sua vontade”, e sim impor a nossa vontade a Deus. Isso vai de encontro o que a Bíblia Sagrada nos ensina: “Esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, SEGUNDO A SUA VONTADE, ele nos ouve“(1João 5:14). 

Hoje temos visto falsos mestres ensinando que a oração da fé precisa determinar para Deus o que queremos. Este falso ensino proclama que oração é a vontade do homem prevalecendo no céu em vez da vontade de Deus prevalecendo na terra. 

Analise a estrutura da oração-modelo que o Senhor deixou -- o “Pai Nosso“(Mt 6:9-13). Ela nos revela que não há lugar para o “EU” e nem para o determinismo arrogante. Senão vejamos: 

“Pai nosso, que estás no Céu” -- nossa posição: filhos de Deus; 

“Santificado seja o teu nome” -- nossa posição: adoradores; 

“Venha o teu Reino” -- nossa posição: súditos; 

“Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no Céu” -- nossa posição: servos; 

“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” -- nossa posição: dependentes; 

“Perdoa-nos as nossas dívidas” -- nossa posição: pecadores; 

“E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” -- nossa posição: fracos espiritualmente. 

Portanto, submissão à vontade de Deus, e não imposição da nossa vontade a Deus, é o alicerce da nossa confiança na oração. Aliás, devemos temer orar (pedir) por qualquer coisa que não esteja de acordo com a vontade de Deus. 

Devemos estar cientes que Deus é soberano sobre tudo e sobre todos: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos”(Is 55:8). “O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra! Bendizei ao Senhor, vós todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais a sua vontade. Bendizei ao Senhor, vós todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio! Bendizei, ó minha alma ao Senhor!” (Salmo 103:19-22). “E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4:35). 

Em fim, prosperidade segundo a Bíblia não é determinismo, e sim benção de Deus. Porque sem a benção de Deus não há o que se falar em prosperidade. Sabe por quê? “Porque a benção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores” (Pv 10:22). A prosperidade verdadeira consiste na bênção do Senhor. Quer sejamos pobres, ou ricos, independente do que possuímos, a presença e a graça do Senhor são o nosso maior tesouro. 


O PERIGO DE BARGANHAR COM DEUS 



O perigo de se ter um Deus imanente, mas não transcendente. 


Deus é transcendente e imanente. Ou seja, a despeito de habitar nas alturas mais insondáveis, e apesar de infinito e imenso, não permanece alheio às suas criaturas. Assim, ao longo dos séculos, o Eterno vem se comunicando com o homem, direta ou indiretamente. Ele tem prazer de ser assim com o ser humano; é tanto que, após o pecado do homem, Ele proveu o Cordeiro imaculado, Jesus Cristo, para através de sua morte vicária resgatar o ser humano ao estado original da criação. 

Embora Deus tenha o prazer de atender ao ser humano em suas necessidades, não podemos nos esquecer que Ele é soberano e está acima de toda criação. Deus é superior ao homem e, portanto, o homem não pode querer esquadrinhar os Seus pensamentos ou entender os Seus propósitos, a não ser pela própria revelação divina. 

Conquanto a natureza possa nos fazer inferir que haja um Deus, não permite que nós, através dela ou da razão, possamos descobrir os mistérios e as profundidades do pensamento divino, pois Deus é Deus e nós, meros homens. Ou seja, Deus é transcendente -- Ele é diferente e independente da sua criação (ver Ex 24:9-18; Is 6:1-3;40:12-26; 55:8,9). Seu Ser e sua existência são infinitamente maiores e mais elevados do que a ordem por Ele criada (1Rs 8:27;At 17:24,25). 

Atualmente, os teólogos adeptos da “teologia da barganha”, tentam, a bel prazer, priorizar a relação de Deus com a criação, ignorando propositalmente a soberania e a vontade de Deus. Ninguém deve, jamais, pensar que é merecedor de qualquer coisa que parta de Deus. Isso deve se aplicar a todos os aspectos da vida do cristão, desde o ar que respiramos, passando pela salvação provida na cruz, ou qualquer outro benefício que venhamos a receber dEle (Tg 4:13-15). 

Quando vemos as promessas divinas, como ato soberano de Deus, temos motivos para nos humilhar perante Sua potente mão e reconhecermos que não passamos de homens e mulheres carentes de Sua graça. É uma pena que alguns cristãos não estejam se apercebendo disso, resultando em excessos na oração e nas pregações. De vez em quando, vemos e ouvimos pregadores que oram determinando bênçãos às vidas de seus expectadores. Alguns, mais ousados, querem pôr Deus no “canto da parede”, justificando, não poucas vezes, que Deus, ao prometer, não pode mais voltar atrás, tornando-se, assim, escravo de Sua palavra. Tal ensino é um acinte à soberania divina, uma verdadeira blasfêmia, que não ficará impune. Deus não tem que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo. Ao assumir um compromisso, como diz o a Bíblia em Isaías 55:10,11, assume um compromisso com Ele mesmo. Deus é fiel, como dizem as Escrituras (1Co 1:9; 10:13; 2Co 1:18), ou seja, cumpre a sua Palavra, não porque o homem passe a Lhe mandar, mas, sim, porque o caráter de Deus diz que Ele não muda (Ml 3:6), é a verdade (Dt 32:4; Jr.10:10), é Justo (Ex 9:47; 2Cr 12:6; Sl 11:7) e que, portanto, sua Palavra só pode ser “sim e amém” (2Co 1:20). Certo teólogo afirmou que Deus “pode fazer tudo o que quer, mas não quer fazer tudo o que pode”. Isto significa que o poder de Deus está sob o controle de sua sábia vontade. 

O perigo de se transformar o sujeito em objeto. 

Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. A falaciosa “teologia da barganha” tem, vergonhosamente, transformado a fé em um grande negócio rentável e cada vez mais crescente. Isso tem trazido prejuízos enormes para a Igreja do Senhor Jesus. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos. 

A briga por espaços na mídia tem sido assaz notória, vendendo uma ilusão de que seus ministérios são aprovados por Deus, quando na verdade eles estão iludindo uma parcela dos que cristãos dizem ser, que não entendem que essa atitude mercantilista é reprovada por Deus. O Senhor em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2Pe 2:3). Antes mesmo da formação da Igreja, o profeta Ezequiel já indicara a existência de pastores infiéis, que têm como objetivo tão somente explorar as ovelhas (Ez 34:4). Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Eles negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo. 

Vergonhosamente, pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante. O meu maior desejo é que esses pastores convertam-se dos seus maus caminhos, antes que seja tarde demais, antes que sua mente fique cauterizada e a apostasia não mais ofereça lugar à piedade e a honestidade (ler Pv 29:1). 


O perigo da espiritualidade fundamentada em técnicas e não em relacionamentos. 


Os adeptos da “doutrina da barganha” têm transformado o relacionamento com Deus em algo meramente técnico e interesseiro. Segundo seus ensinamentos, para se obter o que se deseja de Deus é preciso fazer quatro coisas, as chamadas “regras da fé” ou “fórmulas da fé”, a saber: 

a) confessar o que você quer. 

b) crer que você tem aquilo que você quer. 

c) receber o que você quer. 

d) contar aos outros que você tem o que você quer. 

De pronto, observamos que a soberania de Deus não é levada em consideração. Tudo gira em torno do que “você quer”, sem que se indague se o que se quer é o que Deus quer. Desprezam a realidade de que, apesar de sermos filhos de Deus, somos totalmente submissos à sua vontade e à sua soberania, como Jesus mesmo nos ensinou na oração-modelo -- “o Pai nosso” -- e na sua oração no jardim do Getsêmane (vide Lc 22:42); veja também 1João 5:14. 

Temos, portanto, mais uma vez, evidenciado que a “doutrina da barganha” diviniza o homem, dá uma “roupagem evangélica” para o desejo pecaminoso de se ser independente de Deus. Que Deus nos guarde de agirmos assim, pecando contra a Sua soberania. 


CONCLUSÃO 


A Bíblia não ensina a fazer-mos uma barganha com Deus, não somos ensinados a ter que dar tanto para receber tanto. Deus não se condiciona aos nossos caprichos. Quando nos abençoa é pela sua misericórdia e tudo que recebemos é por sua infinita graça. Aliás, os “teólogos da barganha” conhecem pouco acerca da doutrina da graça, uma doutrina tão defendida pelos reformadores. O Deus Todo-Poderoso, que conhece tudo e que faz infinitamente mais do que pedimos ou pensamos, está sendo trocado por, Aladim o gênio da lâmpada, que só é buscado quando precisam de algum favor. Um Deus que tem que cumprir com todos pedidos dos pregadores da Fé.

Sola Gratia. Pr Pedro Pereira

domingo, 3 de junho de 2012

SER PASTOR


Tendo em vista a aproximação do dia do Pastor, 2º domingo de junho, resolvi republicar o artigo "Ser Pastor" de autoria do Pr Altair Germano. Vejamos:

Não deveria haver diferença entre o ser Pastor nos tempos bíblicos do A.T. e N.T., com o ser pastor na atualidade. A atividade pastoral, em muitos lugares está distante do ideal bíblico. Como já escrevi, as ovelhas estão sendo trocadas pelas coisas. Mesmo que as coisas sejam para o bem das ovelhas, o contato pessoal, a visitação, o aconselhamento, a pregação e o ensino não podem ser banidos das atividades cotidianas de um pastor. 

O ministério pastoral é um ministério de contato pessoal, e não de gerenciamento a distância. O perfil do pastor bíblico é o de alguém que entra no aprisco, e não que manda outro em seu lugar (Jo 10.2), as ovelhas reconhecem a sua voz (Jo 10.3), chama as ovelhas pelo nome (Jo 10.2b), as conduz com responsabilidade (Jo 10.2v), dá a vida pelas ovelhas (Jo 10.11), conhece as ovelhas, ou seja, goza de amizade e intimidade com elas e por elas é conhecido (Jo 10.14).

Com o advento da Reforma Industrial, com o modelo capitalista de economia e com as modernas teorias de administração, alguns segmentos da igreja, inseridos neste contexto mundial, como sempre aconteceu, pois a igreja não está isenta da influência cultural externa, acabou adotando o modelo "piramidal" e "departamental" de administração. 
Por "piramidal" entenda-se uma forte ênfase administrativa na hierarquia e um distância crescente de quem está no topo da pirâmide (pastores) dos que estão na base (membros e congregados). No meio da pirâmide ficaram os evangelistas, presbíteros, diáconos e líderes em geral.
Por "departamental" trato da criação de departamentos (como nas fábricas, lojas, comércio e indústria). Dessa forma temos os departamentos infantis, juvenis, de senhores, de senhoras, de evangelização, de educação, de música etc.

O modelo de igreja família e comunidade doméstica, típico do Novo Testamento, ao longo dos anos dissiparam-se. 
O atual modelo pode ser aproveitado? Acredito que algumas coisas sim, desde que norteadas pelos princípios bíblicos. O argumento de que a igreja cresceu, não significa necessariamente que cresceu com saúde. Não são apenas modelos que fazem a igreja crescer, antes, é o próprio Deus que faz a sua igreja crescer nas mais diferentes circunstâncias ou situações (At 2.47; 1 Co 3.6).

Não bastasse as questões (serviços) locais, ainda temos a política eclesiástica que acaba afastando alguns pastores da sua cidade, estado ou região. Alguns, em períodos de eleições convencionais privam a igreja de sua presença partindo em busca de apoio e votos para cargos que não mais produzem o que já produziram. Tempo e dinheiro são na atualidade gastos em vão.

Entendo que uma análise (e auto-análise) séria e profunda da situação poderia mudar o quadro, para que o ministério pastoral retomasse o seu real propósito: "Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas." (Atos 6.2).

Apenas pastores saudáveis ministerialmente poderão conduzir de maneira saudável o rebanho do Senhor: "Tenho, porém contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas". (Ap 2.4-5)

Honra e obediência é devido aos verdadeiros pastores (Hb 13.7 e 17). Oremos por eles, pois precisam de nossas orações (1 Ts 5.25)!


* Extraído do blog do Pr Altair Germano 

sábado, 2 de junho de 2012

O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE A CREMAÇÃO?




Devem os Cristãos ser cremados?

A Bíblia na verdade nada diz especificamente sobre o assunto de cremação. Pois o que realmente nos interessa é exatamente o que a Palavra de Deus diz sobre determinado assunto e não a divagação ou suposição de homens. 

Há exemplos no Velho Testamento de pessoas sendo queimadas até a morte (1 Reis 16:18; 2 Reis 21:6), e de ossos humanos sendo queimados (2 Reis 23:16-20), mas esses não são exemplos de cremação. É interessante notar que em 2 Reis 23:16-20, queimar ossos humanos no altar profanava o altar. Ao mesmo tempo, a lei do Velho Testamento em nenhum lugar proíbe um corpo humano falecido de ser queimado, nem aplica qualquer maldição ou julgamento a uma pessoa que é cremada.

Cremação era praticada nos tempos bíblicos, mas não era geralmente praticada pelos israelitas ou pelos crentes no Novo Testamento. Nas culturas nas quais a Bíblia se focaliza, enterro em uma tumba, caverna ou na terra era a forma comum de se dispor do corpo humano (Gênesis 23:19; 35:4; 2 Crônicas 16:14; Mateus 27:60-66). Enquanto sepultamento era a prática comum, a Bíblia em nenhum lugar comanda o sepultamento como a única forma permitida para se dispor de um corpo.

É a cremação algo que um Cristão pode considerar? Novamente afirmamos que não há nenhum comando bíblico explícito contra cremação. Alguns crentes são contra a prática de cremação porque acham que tal ação não reconhece o fato de que um dia Deus vai ressuscitar nossos corpos e reuni-los com nossa alma/espírito (1 Coríntios 15:35-58; 1 Tessalonicenses 4:16). No entanto, o fato de que um corpo ter sido cremado ou não, em nada dificulta a capacidade de Deus de ressuscitar tal corpo. 

Os corpos dos Cristãos que morreram milhares de anos atrás já se tornaram em pó completamente. Isso não vai de forma alguma tornar mais difícil que Deus ressuscite seus corpos. Na verdade a cremação não faz nada além de “apressar” o processo de tornar o corpo em pó. Deus é completamente capaz de ressuscitar os restos mortais de uma pessoa que foi cremada, assim como Ele é capaz de ressuscitar os restos mortais de uma pessoa que não foi cremada. 

O que dizer dos cristãos que foram queimados por ocasião da inquisição, por exemplo, acusados de hereges. No arrebatamento da igreja o Espírito Santo, num piscar de olhos, ou seja em 7 milésimo do segundo, encontrará os corpos dos cristãos não só queimados e suas cinzas espalhadas, como também: dos náufragos; dos esfolados; esquartejados; decapitados; crucificados; dos que viraram comida de feras, inclusive, comida de vermes e bichos, após serem enterrados; etc. 

Para o Espírito de Deus isso não será impedimento algum, pois Deus pela sua soberania, onipotência, onisciência e onipresença, bem sabe onde está cada partícula de seus filhos e seguidores que morreram na esperança de uma vida melhor.

A questão de enterro ou cremação faz parte da área da liberdade Cristã. Um pessoa, ou família, que está considerando esse assunto deve orar por sabedoria (Tiago 1:5), e seguir a convicção que resulta de suas orações.

Sola Scriptura.

Pr Pedro Pereira